Barão da Mata - Verdades e Diversidades

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domingo, 20 de janeiro de 2013

PAULO GRACINDO, O BEM AMADO (POR QUEM LHE SABE FAZER JUSTIÇA)

Entre 2010 e 2011,  Gracindo Júnior lançou uma produção em homenagem a pai, intitulada "Paulo Gracindo, O Bem Amado".  Enquanto o filme esteve no cinema, não tive tempo de vê-lo, mas me mantive tranquilo,  porque resolvi comprar o DVD para manter em meu acervo, uma vez que sempre fui fã em potencial do falecido ator.   Pois foi, todavia, não ir ao cinema a grande trapalhada que cometi: não encontrei - pasmem! - o material nas locadoras e nem tampouco nas lojas que vendem CDs  e DVDs.  De onde só pude depreender uma coisa: morto em 1995 e pouco conhecido pela atual geração, não foi por excesso de procura que o filme não estava em prateleira nenhuma, mas exatamente pelo contrário.  D'onde só pude chegar a uma conclusão :  O   BRA-SIL   É   IG-NO-RAN-TE   PRA   CA-RA-LHO !
É o fim da picada! Que diabo de país sem memória é este?!  É uma heresia não conhecer ou não se interessar pela vida e obra de um ator da importância de Paulo Gracindo na história da dramaturgia brasileira.   Essa gente confunde bunda, peito, músculos e volume de piroca com talento artístico e arte dramática.  Francamente, é desolador!
Pois então, sem querer ficar aqui traçando uma biografia do ator, Paulo era Pelópidas Guimarães Brandão Gracindo, nascido em Alagoas, em 1911, e morto em 1995, portanto aos 84 anos, após representar inúmeros personagens com o brilho peculiar aos artistas de primeira grandeza.   Formado em Direito e homem de educação refinada, não encontrou dificuldades para encarnar em "Bandeira 2" (1972) o banqueiro de bicho Tucão, sujeito de modos grosseiros e linguajar carregado de gírias e vícios de linguagem, perfeito boçal em quem você jamais veria a figura do gentil e simpático Paulo Gracindo.  Em "O Cafona" (1971) faz um  milionário em processo de falência, figura absolutamente antagônica à do bicheiro, que em nada se parecia com o contraventor.
Viveu um político demagogo em "O Bem Amado", história anedótica e primorosa de Dias Gomes (primorosa como todas as que o autor escreveu, inclusive "Bandeira 2").  Era então o prefeito Odorico Paraguassu, coronel baiano que , na falta de competência e de projeto político, canalizou todas as energias de sua administração para a construção e tentativa de inauguração de um cemitério.
Mas o seu papel que mais me impressionou foi o do coronel Ramiro Bastos, em "Gabriela", adaptação de George Walter Durst do romance "Gabriela, Cravo e Canela", de Jorge Amado.  Velho decrépito mas de atitudes vigorosas, de autoridade e maldade estampada no olhar,  capaz de arrepiar de medo qualquer lavrador,  jagunço, coronel ou cristão, fez do ator convincente a ponto de a gente ler em seu semblante a própria manifestação do  mal.
Mas, entre os momentos que vi de Paulo Gracindo, o que mais me enlevou, mais me comoveu foi aquele em que, abraçado a Lima Duarte (outro talento que não tenho palavras pra definir), num dos intervalos das filmagens de "O Bem Amado",  Lima lhe indaga como ele, Gracindo, conseguia conviver com a crueza de voltar ao cotidiano  após deliciar-se de viver os seus personagens da ficção, ao que Paulo respondeu que tal não lhe acontecia por não viver a realidade, mas os seus personagens em sua ficção.  Confesso que me comovi com aquilo, e percebi que Paulo Gracindo foi muito mais do que um grande ator: foi também  uma criatura naturalmente poética, que produzia poesia através da sua própria existência, independentemente de escrever ou não um verso que fosse.



domingo, 13 de janeiro de 2013

A PALAVRA E O DEPOIMENTO

                                                              A PALAVRA

"E aquele que não crer em  mim andará em estradas de espinhos e pedras, trilhará caminhos árduos e sinuosos, encontrará portas fechadas, tentará gritar e praguejar, mas se verá emudecido e solitário, sem mão que se lhe estenda e o resgate e encaminhe à salvação; terá como destino os infernos mais martirizantes,  experimentará os infortúnios mais enlouquecedores, as dores mais lancinantes.  Porque o  meu poder é inquestionável e insubestimável, eterno e inabalável, o meu poder é supremo, e não imaginais as consequências de não vos renderdes a tamanha força."    Luiz Inácio Lula da Silva

                                  

                                                            O DEPOIMENTO

"Não entendo por que tanta reserva em relação ao ex-presidente Lula: sempre achei sua conduta irretocável, irreparável, ontem e hoje, e nele creio de forma absoluta, achando-o perfeitamente inserido em meus princípios de boa conduta.  Em suma, acredito piamente nesse homem de que tanta gente duvida, pelo fato de nele não ver nada que me possa levar a uma  opinião em contrário."   Belzebu

2013
Barão da Mata



terça-feira, 1 de janeiro de 2013

OS FOGUETEIROS E OUTROS SUB-HUMANOS


Não cabe em mim o espanto em que me encontro em observar o apetite, a compulsão, a obsessão que essa gente tem em soltar fogos e assim  atazanar o sossego e a paciência da vizinhança noite adentro, além de colocar em risco a integridade física de terceiros. Eles são a versão barulhenta dos balonistas, seus irmãos gêmeos e quase siameses.  Gostaria de saber de que barro essas criaturas são feitas. Definitivamente não são seres humanos: são ainda sub-humanos, desprovidos de princípios, de discernimento, de educação e de caráter.  Devem ser filhos de puta indigente e assaltante com vigarista matador, ou não teriam a conduta que têm.  Devem ser os mesmos que entram num carro e saem fazendo direção perigosa, não respeitam sinais, aleijados, cachorros, idosos, crianças, matam o que veem pela frente.  Não estou brincando, não.  Note só como, na total indiferença aos direitos alheios, são iguaizinhos, iguaizinhos!
Quem solta balão, não está preocupado com se ele poderá cair sobre a rede elétrica, um botijão de gás de residência, sobre a mata ou se vai incendiar uma casa ou prédio e provocar a morte de quem nada tem a ver  com a sua absoluta crueldade,  falta de bondade, de humanismo, de caráter e de responsabilidade: é subgente mesmo, é demônio feito de esterco animado e coberto de pele humana.  Da mesmíssima forma são os motoristas e motociclistas  incautos, e, se você duvida, experimente chamar-lhes a atenção por suas estripulias no tráfego. Conheci um que uma vez replicou à reclamação de um outro condutor de carro que por ele fora posto em risco:
- E tu nunca fez merda não?! - pra você ver o senso de direitos e de justiça que esses pré-sujeitos possuem.  
Os fogueteiros, inclusos na mesmíssima categoria, passam  noites a fio e às vezes quarenta e oito horas explodindo seus fogos insuportáveis nos ouvidos de pessoas de bem, que têm educação e gostariam de sossegar e descansar.  Mas esses quase vermes (porque ainda não chegaram a tal estágio) não respeitam nada. Imagino quando a mulher de um deles, na hipótese de ter bom senso, o advirte:
- Clebenílson, para com isso: os vizinhos querem dormir.
E a resposta do infame aos gritos:
- Manda os vizinhos ir à puta que os pariu! Ninguém tem nada com a minha vida e eu faço dela o que quiser!
Quer dizer: além de arrogante e sem educação, o desgraçado é acintoso e não sabe que os direitos de um vão até onde começam os de outro.
Num  trinta e um de dezembro, na Vila da Penha, um adorável cachorrinho de rua correu enlouquecido por pavor ao foguetório e morreu atropelado.  Se os autores da barulheira soubessem disto, morreriam de rir. 
Normalmente não festejo o 31 de dezembro, porque estou quase sempre envolvido com algum ou alguns cachorros que morrem de medo das explosões, e me vejo compelido a dar-lhes assistência.  O Snoopy, o cãozinho de rua que abriguei há nove anos e morreu em três de novembro último, se consumia aterrorizado e, apesar de haver ficado surdo quatro anos antes, ainda sentia as vibrações e me obrigava a ligar o som a todo o volume para que percebesse menos plenamente os estrondos.
Ora! a alegria é um sentimento natural, espontâneo, não uma decorrência de uma porrada de estouros!  Entretanto, cônscio de que não adianta reclamar e tentando ser pragmático, é mister que as autoridades proíbam, caracterizando como crime inafiançável, a produção, venda e explosão de fogos de artifício, punindo tais  práticas com cadeia.  Mas a coibição teria de ser verdadeira, porque, se há algo neste sentido, é com estranheza que passo quase todos os dias por uma loja que vende fogos e tem uma fachada com cartazes e placas imensas indicando o produto que comercializa.  Do mesmo modo devem ser tratadas as práticas do balonismo e da direção perigosa.
É preciso que façamos petições públicas, exerçamos alguma pressão sobre as nossas preguiçosas autoridades, tomemos alguma atitude  para a repressão de atos que fazem a sociedade acuada por elementos que não deveriam sequer ter nascido.

2013