Barão da Mata - Verdades e Diversidades

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segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Os Pensadores de Birosca: AS RESPOSTAS DO SAUDOSO POETA DRUMMOND ÀS MINHAS C...

Os Pensadores de Birosca: AS RESPOSTAS DO SAUDOSO POETA DRUMMOND ÀS MINHAS C...: O saudoso poeta Drummond era um homem tão simples, simpático, humano e atencioso, que enviei-lhe, aos dezesseis anos, uma carta com alg...

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

O MORIBUNDO


Estava ali, deitado, prostrado, no quarto refrigerado, acompanhado da enfermeira, vivendo seus derradeiros dias.
-- Quer alguma coisa? -- a profissional indagou.
Limitou-se ele a gesticular um "não" com um dedo.
-- Vou preparar os remédios pra daqui a pouco -- ela avisou e saiu.
O homem ficou a refletir:  estava sozinho, sem uma mulher que lhe segurasse as mãos com afeto, que lamentasse o crepúsculo de sua vida.  Tinha apenas uma enfermeira, fria, serena, atenciosa, mas profissional.  Não mais que profissional.  Não mais que cumpridora dos deveres.  E onde carinho nos seus últimos tempos sobre a terra?
Casara-se algumas vezes, mas não tivera exatamente o perfil de um homem casado.  O passado lhe vinha à mente: esbórnias, orgias, mulheres, traições.  Usara muitas mulheres. Muitas mulheres o usaram.
Bebedeiras, a visão da aurora de dentro dos bares, os motéis, cigarros, bebidas, mulheres diversas, mas nenhuma amiga, companheira, solidária, exatamente a que faltava naquele momento.  Sabia de uma que poderia estar naquele momento a seu lado, os olhos lacrimejados, o inconformismo estampado no semblante, porque o amara de verdade. Mas agora já há muito se fora o amor, esmigalhado pela inquietude da alma do homem, o desregramento  e a turbulência dos dias.  Havia uma outra que achava que também poderia estar por ali, também chorosa e inconformada.  Mas não quisera ele ficar com ela, não lhe tivera paixão ou afeição, fizera-a de brinquedo e a mantivera como namorada por poucos meses.   A outras se entregara de corpo e alma, mas não recebera o amor em troca.  Nenhuma daquelas últimas, sabia, naquele momento estaria ali.  Não o quiseram e o menosprezaram, queriam-no por apenas algumas conveniências que ora não entendia  bem.  Umas outras ainda foram nulas, casos sem nenhuma relevância, nenhuma importância, só mulheres que passaram em branco por sua existência.
Pensou em si mesmo e apertou os olhos. Nem filhos quisera ter.  E não os teve.
E agora não tinha ninguém ao seu lado que o amasse, que lhe chorasse a morte iminente. Tinha apenas uma enfermeira.  Era sozinho e morreria sozinho. Acompanhado apenas de uma enfermeira.
Contudo ficou a considerar a questão.  Se tivesse ficado com uma mulher que um dia o amara e agora não mais, teria sido um tédio insuportável envelhecer ao lado desta, num dia-a-dia insípido e totalmente desprovido de emoções, de sensualidade, de desejos ardentes, de aventuras e daquele ardor que envolve as grandes conquistas e paixões.  Uma mulher envelhecendo ao seu lado, os dois sentados a um sofá nos finais de semana, assistindo a notíciários e novelas, a rabugice tomando conta de ambos, a aposentadoria e a obrigação de comprar pães todas as manhãs, pequenas compras todos os dias.  As reclamações da mulher pela eventual má qualidade de algum artigo comprado.
Mesmo que tivesse sido correspondido por alguma daquelas que quisera de verdade, como teria podido conter a corrosão do tempo sobre a poesia, o fogo e a entrega tresloucada das paixões?  O tempo faria paulatinamente de todo o fogo uma mesmice, um tédio intragável,
uma mononotonia sem tamanho, um eterno desejo de estar nos bares, nas boates, nas aventuras da noite, ou então que a alma se domasse e aquietasse de um modo que tornasse a vida absolutamente cinzenta.
Tivesse sido um homem afeito ao casamento e agora teria uma velha ranzinza e chorosa diante de si, rememorando os momentos tediosos vividos por ambos como fossem as mais emocionantes aventuras, as mais magníficas emoções.
Não lhe veio o arrependimento nem a lágrima.   Considerou longamente o assunto, não se arrependeu de, pelo modo como vivera, agora, velho e moribundo, estar sozinho.  Se então estava velho e sem amigos, sem mulher, enquanto tivera forças, tirara proveito do melhor que pudera do mundo.  Vivera a vida intensamente, porque sempre  fora intenso e por isso não mais que a verdade de si próprio.  Abriu, semicerrou e reabriu os olhos, recebeu os remédios da enfermeira.
Morreu naquela madrugada, cônscio de que vivera da maneira que achara melhor para si.


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

ELES NÃO DEFENDEM A CIÊNCIA, MAS A CRUELDADE

Reconheço que sofismar é algo que, na maioria das vezes, requer talento e competência.  Não é para qualquer imbecil. Pois do contrário fica um monte de palavras e ideias sem fundamento atiradas ao léu. Embora reconheça a inteligência de quem sabe induzir o locutor a refletir de modo errado, não vejo o sofisma com muita simpatia, porque em geral vem acompanhado de uma dose cavalar de sordidez.  
Digo isto porque foi com imensa revolta e  indignação que li e vi os que na mídia defenderam o uso de cães da raça beagle e outros animais como cobaias para experimentos em laboratórios.  Houve um cientista (ou alguém que assim se disse) que afirmou que aquela atitude dos salvadores em relação aos cães martirizados pelo infame laboratório prejudicava a pesquisa contra o câncer.  Gozado: não sabia que câncer se combatia com cosméticos.  Este, cientista ou não, se enquadra entre os sofistas idiotas - ou, se é gênio, é do mal, e, sinceramente, um gênio bastante babaca nos argumentos.  Um leitor se manifestou n' "A Folha" e, achando que dizia algo pejado de extrema sabedoria e conhecimento técnico, chamou atenção para o fato de que era preciso que entendêssemos que são cães que não são de estimação, mas para utilização como cobaias.  Se o argumento vale, os sádicos amanhã vão fazer atrocidades com crianças pobres, alegando que não são crianças de estimação, mas criadas para fins de pesquisa.  Sugeriria que a mãe do pústula, que certamente é uma criatura sem nenhum valor estimativo, seja colocada no lugar dos torturados cachorrinhos, porque não tenho dúvida de que é uma puta da pior qualidade, dessas que armam arapucas para seus "clientes" serem roubados ou furtados.  Dois pesquisadores com cara de puxa-saco de patrão, em entrevista ao "Fantástico", alegaram a impossibilidade de se fazerem experiências sem animais, mas foram contestados por um biólogo inglês renomado que mostrou que há, sim, como trabalhar em pesquisas usando células de tecidos humanos, o que pouparia até os ratos indefesos e dóceis que os algozes utilizam em suas atrocidades.  O Ernesto Paglia, excelente garoto de recados dos Marinho, bem que tentou que os entrevistados que se opõem às práticas de perversidades adotassem outra posição, mas estes últimos foram firmes e seguros em suas convicções.
Ver gente defendendo o desrespeito à vida e à integridade física e psíquica dos indefesos e inocentes animais dá uma profunda tristeza de viver num mundo onde um número considerável de pessoas não respeita a vida, a dor e o sofrimento que não ocorre em si próprias. Não vou jamais dizer que são assim porque são humanos: a Nicole Puzzi, a Luíza Mel, os ativistas que salvaram os animais e a comissão de deputados federais que solicitou o fechamento do laboratório durante as investigações também são seres humanos, mas parecem de estirpe bastante diferente:  compassivos, lutadores, heroicos,  corajosos, compreensivos, sensíveis, avessos a creueldades e mais enquadrados ao pensamento de boa índole de Alberto Schweitzer, Francisco de Assis, Mahatma Ghandii, outros famosos e não-famosos dotados de bondade e de sangue nas veias.
O mundo está cheio de psicopatas perversos, e o número de soldados que os líderes mais cruéis da história arrebanharam para os seus empreendimentos expansionistas bem o prova, e aqueles que preconizam o uso dos bichinhos para cobaias nos trabalhos da Ciência são como os militares da SS e da Gestapo, como os perversos guerreiros que se apossam dos despojos de guerra entre estupros, matanças, humilhações, torturas, atos hediondos e lamentáveis.  Alegam que fazer sofrer os animais é o meio mais fácil, prático e barato, mas na verdade o que os fascina é matar, causar dor, sofrimento lancinate, e se comprazem em martirizar qualquer criatura mais fraca e inapta para a autodefesa, num exercício de maldade e sadismo que lhes é indispensável e essencial como o ar que respiram.  São pessoas horripilantes, de uma crueldade sem medidas, de uma demonicidade que não os difere dos grandes carrascos do crime ou mesmo da lei, quando esta se põe ao lado dos mais iníquos objetivos.
São pessoas que sentem um prazer insano em cortar, decepar, mutilar, retalhar, envenenar, capazes de ficarem horas intermináveis a se comprazer em observar as mais longas e deploráveis cenas de dor e sofrimento. 

Barão da Mata

domingo, 20 de outubro de 2013

FAÇAM ALGUMA COISA CONTRA A PERVERSIDADE DO LABORATÓRIO ROYAL E DAS AUTORIDADES PAULISTAS AOS CÃES

Não preciso falar da minha indignação, ódio, repulsa, melancolia pelos atos bestiais dos donos do Laboratório Royal, que estão utilizando beaglles para seus malditos experimentos de cosméticos, quando não há necessidade (e mesmo se houvesse não teria cabimento fazê-lo) de utilizar animais com tal finalidade. Muito me envergonha e repugna a postura da Polícia, do Ministério Público e do Judiciário paulista diante da questão, que decidiram que os cães são propriedade do laboratório, que pode dispor destes como bem quiser.  Para mim é o prenúncio de um tempo em que enjaularão crianças e outros seres humanos indefesos para servirem de cobaias para experiências de igual sordidez; o início de uma era em que será reinstituída a escravatura com senzalas e troncos para chicotadas.   Fiquei profundamente entristecido e revoltado com o trabalho dos jagunços fardados que estão numa busca implacável aos animaizinhos e nutro um profundo desprezo por aqueles que procuraram as autoridades e o laboratório para devolver os bichinhos.  Todo o cenário é demoníaco! Só não desejei morrer porque seria omissão diante do sofrimento de seres que sentem dor, tristeza e carência afetiva. Então é mais produtivo lutar por eles do que ficar romoendo tristeza.  É preciso fazer algo por essas criaturas absolutamente inocentes e indefesas. Por isto peço-lhes que assinem a petição pública que pede o fim desse verdadeiro circo de horrores.  
Podem clicar sem susto, porque não se trata vírus, e assinem por favor a petição, repassando-a depois a todos os seus amigo e pedindo-lhes que repassem aos seus.


domingo, 29 de setembro de 2013

PUNIÇÕES SEVERAS ÀS BESTAS HUMANAS

É preciso que as  pessoas parem com essas manifestações torpes de condescendência com os graves erros humanos.  É frequente  a gente comentar atos imperdoáveis de sujeitos ou grupos e ouvir de nossos  interlocutores: "O ser humano é assim mesmo, é da própria natureza da espécie."  Concordo, sim, em número, gênero e grau, que a humanidade é, ao menos em sua maior parte,  cruel e sórdida, mas isto não dá a fulano ou beltrano o direito a sair por aí praticando perversidades, quer a outros humanos, quer a animais. Já que nossos semelhantes são maus, mas têm a faculdade do raciocínio e entendimento pleno das coisas, precisam ser contidos, punidos e tolhidos para a segurança, o bem-estar e a integridade das outras criaturas.  Porque, do contrário, vamos no mínimo cair na filosofia malufiana do "estupra mas não mata", teremos de tolerar os crimes praticados pelos bandidos e começar a absolvê-los com a argumentação de que a natureza humana é assim mesmo e o meliante não terá feito mais do que exercer os seus instintos naturais.  Você acha que isto está certo?
Os animais são absolutamente perdoáveis porque não têm discernimento suficiente para terem moral ou princípios, e são puros e inocentes como bebês.  Já as pessoas, não: precisam responder por seus atos, por meio de sanções da dimensão dos seus pecados. Não é olho por olho, não, porque não estou propondo morte para quem mata, mas professo que o Brasil deva experimentar a prisão perpétua para aqueles de evidente periculosidade, que mantêm sob constante risco as outras pessoas e mesmo ( por que não?) os bichos.  
Há indivíduos que não podem viver em sociedade, que são um grande risco para todas as criaturas, e não excluo deste grupo os iníquos delinquentes do trânsito.  A manutenção destes em insituições penais (cujo sistema logicamente requer profundas reformas) importa na segurança e na defesa da intergridade física de muitos outros e da integridade psicológica de inúmeras famílias.
A severidade penal dever-se-ia aplicar também aos menores de dezoito, porque, se um rapaz de dezesseis anos é homem para escolher o presidente da República, em nenhuma análise pode ser criança para responder por seus erros e crimes.
Defendo sanções duras para quem promove maus tratos ou morte a humanos ou a animais (e por que não?), pois o direito a viver se aplica a todas as espécies, e, justamente pelo fato de muito provavelmente  a vida ser única, esta deve ser respeitada como o que há de mais irrefutavelmente sagrado.

Barão da Mata

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

BRASIL DESPOJADO DA ESPERANÇA

O Brasil perdeu a esperança. Havia uma expectativa  de que a real e genuína punição aos mensaleiros seria o prenúncio de um tempo diverso em que haveria justiça, justiça autêntica , justiça verdadeira, justiça à altura da expressão. Justiça perante a qual todos seriam iguais, que faria que  ricos, políticos, poderosos também respondessem pelos seus atos ilícitos. Mas a esperança morreu.  Morreu e deixou um clima de luto.  De ressaca cívica  não de festejo, mas de desolação.  O País agora sepulta suas esperanças, se vê abatido, lasso, com fundas olheiras de desânimo.
De que valeu a luta e o sacrifício dos que se levantaram contra a ditadura militar, dos que foram torturados nos porões, dos que encontraram a morte na luta? De que adiantou tanto derramamento de sangue, tantos direitos políticos perdidos, tantas marcas indeléveis no corpo e na alma dos que se rebelaram?
A luta desaguou em Collor, decepção maior do povo, em Fernando Henrique, apóstata de práticas servis aos caprichos perversos do capital, em Lula, PT, Dilma e a base aliada repleta de nomes afeitos às mesmas práticas ímprobas que os que se voltaram contra o regime autoritário tanto combateram.   De que adiantou? Nada mudou. As práticas são as mesmas, a corrupção é a mesma, e é o mesmo o desprezo às mazelas sociais que se mascaram por meio de bolsas pífias, e continua a ditadura dos poderosos, donos do Estado, tão autocrática quanto o despotismo esclarecido, que  se traveste de democracia e, diante da credulidade de uma grossa camada de gente sem poder de discernimento, segue um caminho de continuísmo de um sistema inaugurado com o estupro às liberdades promovido em 1964.
Pobre Brasil, tão ao léu e tão desprovido de esperanças.

Barão da Mata

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

OBTENHA JÁ NA CIA!

Será que sua mulher o trai? Seus amigos são amigos de verdade? Seus colegas de trabalho estão conspirando contra você? Seu chefe está instisfeito com seu trabalho? Desconfianças, intuições, suposições, apreensões, recurso  a oráculos...Não, nada disso!  Tudo isso está ultrapassado! Vá hoje mesmo às Lojas Cia e compre os equipamentos de espionagem Obama, os mais avançados e mais usados no mundo inteiro. 

Barão da Mata  

A CONVERSA ENTRE DILMA E OBAMA

Você já tentou imaginar como foi a conversa entre a presidente  Dilma e o Obama?
- Obama, o negócio  é o seguinte: eu quero que você explique que história é essa de você ficar me espionando!
O americano se ajeita na cadeira, baixa a cabeça com indiferença
- Ora, colega, primeiro eu quero que você reduza  o tom de voz pra falar comigo.
- Tá bom, eu reduzo.  Mas de qualquer modo exijo uma explicação.
- São assuntos de Estado, motivos confidenciais, não lhe dizem respeito...
 A presidente se ergue da cadeira num quase-pulo:
- Como não me dizem respieto, se sou eu a espionada!!!
- Psssssiuuuu.! - ele volta a advertir.- Olhe o tom de voz...
A estadista pigarreia, se contém,  torna, agora branda:
- Eu sei, eu entendo, mas a questão é que está envolvendo a minha pessoa. Acho que tenho direito a uma explicação.  Você entende? Concorda comigo?
- Por favor - o homem, sempre impassível - não quebremos o protocolo: trate-me por Vossa Excelência. 
- Tá bom, me desculpe de novo.  V.Excia. entende o meu interesse e a minha preocupação?
Ele,  sem a olhar no rosto, quase  a ignorá-la:
- Olhe, V.Excia. vai me desculpar, mas não tenho tempo para discutir o assunto: afinal sou muito atarefado, tenho uma Síria para invadir e preciso de apoio da ONU e do Congresso.
A presidente faz menção de se lavantar novamente, ele a contém num gesto de mão. Ela volta a se sentar e tem a voz quase suplicante:
- Mas, Exclência, convenha que não é justo...
Obama, sempre calmo e indiferente:
- Deixe-me abreviar a conversa, Exma. colega: quantas ogivas nucleares a senhora tem?
- Bem...
- Quantos mísseis antinucelares?
- Ora...
- Quantos abrigos?.
- Ah...
- Quantos porta-aviões?
- Olhe...
- V.Excia. já ouviu falar do bloqueio comercial a Cuba e dos efeitos que ele gerou?
- Presidente, pondere...
- Imagine um bloqueio comercial ao seu país...
- Não, não quero nem imaginar...
- ... de modo a torná-lo ingovernável...
- T'esconjuro!
- ... e de tirar seu partido do poder...
- Por favor, pare, Excelência!!
- Então,  minha senhora, tenha uma boa tarde... Até mais ver.
- Mas o senhor disse que não quebraríamos o protocolo e nos trataríamos por Excelência.
- Ah, sim! Perdoe-me, Excelência: foi um lapso: não mais se repetirá. 
- Não tem de quê. Muito obrigado, senhor presidente. Vossa Excelência é muito educado.
- Muito obrigado, senhora presidente. V.Excia. é muito lisonjeira. Uma ótima tarde. Até mais ver.
- Igualmente, Excia. Tudo de bom pro senhor.

Barão da Mata

A GLOBO É A REEDIÇÃO DA IGREJA DE ONTEM E ODEIA DEMOCRACIA

Não há nada que a Globo mais odeie do que uma atmosfera democrática.  Falo atmosfera democrática porque não creio que em país nenhum do mundo "o poder emane do povo e em nome dele seja exercido". Para atestar a verdade do que digo,  mande até mesmo o povo suíço colocar os maiores interesses e o poder dos mandatários em xeque.  Para que tudo fique aliás bem claro, NÃO CREIO EM DEMOCRACIA NO SENTIDO DE NÃO GOSTAR OU ACHAR QUE NÃO SEJA BOA,  MAS NO DE SABER QUE OS GOVERNOS DO MUNDO INTEIRO NÃO TÊM A DISPOSIÇÃO DE MANTÊ-LA QUANDO ELA COLOCA SOB RISCO OS PONTOS DE QUE ELES NÃO ABREM MÃO.   E você sabe perfeitamente que isto é a pura verdade, porque, quando por exemplo alguns governos europeus resolveram apoiar o bestial e demoníaco George W.Bush na empreitada de invadir o Iraque, e parte de seus cidadãos (europeus) fizeram manifestções contrárias, os jagunços fardados do poder (militares e policiais), desceram a porrada no lombo dos manifestantes, sem a menor contemplação.  
Se assim é na Europa, imagine no Brasil, onde o revezamento entre democracia e tirania é cíclico.  Se você duvida, é só pesquisar e ver que Getúlio Vargas fez a Revolução de 1930, governou respeitando direitos civis durante  sete anos e criou a seguir  o despótico e pavoroso Estado Novo, caindo em 1945 para o país experimentar um período de liberdade de 19 anos.  Mas liberdade relativa, com duas intervenções militares: a que tentava impedir a posse de Juscelino Kubitscheck  em 1956 e a que tirou os poderes de João Goulart em 1961. Até, após Jango obter poder de governar após plebiscito, acontecer o golpe de 1964 e os poderosos do  país, latinoamericanos como os de Cuba, Colômbia e Haiti, mostrarem sua feição  autoritária e tratarem a sociedade na ponta da faca durante 20 anos, permitindo depois em a eleição de um civil, Tancredo Neves,  dentro das regras estabelecidas pelas forças armadas.  Eleição que, apesar de não ter havido a posse do político eleito, foi o início de um período de descompressão e de maiores liberdades.
Como podemos constatar, o Brasil alterna períodos de quase-democracia com regimes totalitários, e, assim como Assis Chateaubriant e o seu "Diários Associados", que apoiou o Estado Novo de Vargas e ajudou Carlos Lacerda a levá-lo ao suicídio quando o mandatário governava dentro do estado de direito ( e só apoiou Lacerda porque viu que o presidente já estava politicamente morto), assim como Assis Chateaubriant, a Globo parece que tem uma simpatia desmedida pelos regimes  capitalistas opressores, e isto é fácil entender:  dá-se justamente porque são (os regimes) capitalistas (e rechaçam o mais leve pensamento progressista) e mantêm incólume todo o patrimônio e fortuna da famíla global. Além do mais, a Globo está para os governos asssim como a Igreja ao longo da Antiguidade à Idade Moderna para o reis: "Eu legitimo o teu poder te dizendo governo de Deus, e tu me manténs poderoso como tu." POR FAVOR, CATÓLICOS! NÃO CREIO EM DEUS, MAS NÃO ESTOU ATACANDO A IGREJA DE HOJE!  Mas só este conchavo explica os anos de adulação das emissoras e jornais da rede a todos os presidentes que o Brasil teve, enquanto, é lógico, estes não caíram em desgraça, como Collor,  eleito por aquelas entidades e por elas mesmas abandonado e de um certo modo até combatido em sua derrocada política de 1992.  Ou seja, a Globo o elegou e depois engrossou o coro de quem o queria ver pelas costas, por conta de sua gestão haver feito água: do contrário, tê-lo-ia apoiado.
Se há alguma dúvida da veracidade das coisas que eu disse, vamos fazer um breve exame da questão: por que os globais, em 2002, tentaram conter o crescimento da candidatura Lula, a ponto de o ex-presidente (ex mesmo?),  na série de entrevistas aos presidenciáveis promovida pelo canal de tevê, ter recebido de William Bonner a pergunta-disparo: "O senhor é membro das FARC?".  Depois do raquítico apoio do governo FH ao correligionário José Serra e de sentir o rumo dos ventos levando Lula à vitória,  mudou imediatamente o tratamento e, depois de se convencer de que o amado (não por mim) ex-futuro-atual-presidente faria um governo tão socialista quanto o pensamento de Roberto Campos e Delfim Neto, passou a apoiá-lo sitematicamente, havendo se colocaddo entre os opositores do PT quando, nas eleições presidenciais de 2010, a candidatura de Dilma caiu a ponto de permitir a ida de Serra ao segundo turno, estampar na primeira página do "Extra": "Lula é bonito".  Num claro deboche  às reclamações do nosso "herói", que se queixava de que as organizações  faziam campanha contra ele e sua pupila.  Mal-sucedida em derrubar a candidata do PT, o sistema de comunicação resolveu encher a presidente de beijos e abraços, e assim faz até hoje. Hoje mesmo, dia 7 de setembro de 2013, quando, noticiando os distúrbios entre manifestantes e a polícia durante os desfiles miilitares, o repórter do globocop disse que alguns manifestantes, quando fugiam às porradas e bombas de gás lacrimogêneo da refinada  tropa de choque da PM do democrático e popular Sérgio Cabral, "aproximaram-se dos que assistam à parada, numa atitude covarde e que submetia a platéia a riscos".  "Atitude covarde", veja só!  Nunca ouviu  acaso o nosso nobre repórter  falar em instinto de preservação, autodefesa, essas coisas fictícias a que a Psicologia insiste em fazer referências?
O restante da mídia realmente não  é um poço de virtudes, mas a Globo exagera, não gosta definitivamente de clima democrático e nem tampouco da verdadeira informação,  porque faz questão de ser uma luz distorcida na escuridão,  com o fito de conduzir o país ao encontro dos seus interesses e conveniências.  Daí precisar desgastar a imagem dos manifestantes, transformá-los em arruceiros e confundi-los com os vândalos, os delinquentes e os provocadores.  Porque faz-se mister, para ela, que o poder público tome medidas duras, que abafe a democracia, que apague o que há de pensamento, de visão, de oposição a tudo o que os globais preservam.  Não quer o desgaste de Dilma, porque ela mantém o status quo que a favorece (à Globo), e necessita de que a presidente rescrudesça,  para ajudá-los nessa empresa de nutrir a versão contemporânea do antigo conluio Igreja-Estado.

sábado, 31 de agosto de 2013

LUCIANA

Deitaram-se na cama e Luciana lhe ofereceu os lábios ávidos.  Vestido curto, leve, solto, quase transparente,  preto com estampa de pontos brancos.  Guilherme ergueu o corpo da mulher e a sentou no colo, como fora ela um achado raro e precioso, um diamante, uma esmeralda, o bem maior do mundo inteiro.
Sabia que a moça era de se dar com facilidade, que tinha vários amantes e que jamais lhe entregaria a alma tão liberta e aventureira.  Sabia também que a não queria para si, pra todo o sempre ou alguns anos. Mas naquele momento a amava como o mais extremoso enamorado, como o mais possessivo dos machos existentes.  Porque a desejava... como a desejava! Ah, como a desejava!  Queria tanto desfrutar aquele corpo esguio e pálido, as pernas magras e roliças que há  tanto cobiçava, sentia tanto prazer em tê-la na cama, que o ardor parecia amor, entrega, sentimento fundo, suplicante e desvanecido.
No dia seguinte talvez Luciana fosse de outro, mas isto não importava ao homem, que era tão ávido e sôfrego,  que achava que o tempo não passaria, que aquele momento se eternizaria; que não tinha ciúmes, mas só desejo: um desejo de longo tempo, um desejo que não tinha medidas, um fogo que lhe abrasava o corpo inteirinho.
Levantou-lhe o vestido, deitou-a na cama, arrebatou-lhe a calcinha de renda e por pouco não lhe rasgou o escuro vestido.  Beijou-lhe a boca longamente inúmeras vezes,  sugou-lhe os seios, a língua, os lábios, a vulva e as nádegas, cheirou a mulher por inteiro: cada  milímetro do corpo e cada cavidade, e toda cavidade do corpo de fêmea, candente, adentrou.
Amanhã quem sabe outro a ela faria tudo o que ele agora fazia, mas pouco a Guilherme importava: hoje a mulher era dele; dele somente, e era na essência a mais pura magia: ninfa, deusa, valquíria, sereia, feminino demônio ou outra entidade, mas algo que em definitivo ao homem enlouquecia.
O  casal gemia, arfava, gozava, fremia, e tê-la consigo num ballet tão frenético,  entre frases tão quentes, obscenas palavras, lascivas carícias, era para Guilherme a conquista maior, a chegada ao paraíso, e este sequer se lembrava de algo que houvesse além do desejo, delírio, deleite, prazer inefável, esquecido mundo, da vida, do ontem, do dia vindouro, que havia amanhã.

Barão da Mata


  

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

SÉRGIO CARDOSO E O MÉDICO E O MONSTRO DENTRO DE TODOS NÓS

A dualidade das coisas, a coexistência de caraterísticas antagônicas nos seres e em tudo ou quase tudo o que há sempre de um certo modo me fascinou.  Robert Louis Stevenson abordou com muita propriedade este assunto em "O MÉDICO E O MONSTRO", romance em que o bom e generoso Dr. Jekyll tomava uma poção que o transformava no brutal e maléfico Mr Hyde.  Esta obra de Stevenson é até, a meu ver, objeto de plágio dos criadores dos "SUPER-HERÓIS MARVEL", pois "O INCRÍVEL HULCK" é uma história que copia quase fielmente a criação do escritor escocês.  Mas vale como mais uma abordagem de antagonismos coexistindo numa mesma pessoa.
A TV Globo, nos anos 1970, produziu vez uma adaptação para televisão da história de Jekyl e Hyde, feita por Domingos de Oliveira e estrelada por Sérgio Cardoso, dois nomes de grande peso da teledramaturgia brasileira.    A versão da Globo, confesso, me encantou mais do que o próprio livro,  porque nela o personagem (Jekyll) do falecido ator dizia aos frades de um mosteiro mais ou menos o seguinte:
- Ninguém é totalmente bom nem totalmente mau.  Talvez os santos tenham lutado arduamente até expulsar o demônio que tinham dentro de si.
Devia ter eu uns quatorze anos quando vi o especial.  Gostei muito, e tal proposição filosófica talvez me tenha induzido a começar a questionar os heróis ou ao menos os heróis absolutos.
Essa dualidade fica mais clara ainda nas alegorias em que Buda, sob uma figueira, luta contra Mara, o demônio das ilusões, e Cristo, contra Satanás em pleno deserto.  As duas lendas mostram a batalha de ambos contra as próprias tentações e a faceta adversa dentro de si mesmos: homens praticantes de virtudes em guerra feroz contra a própria tendência aos vícios, tão inerentes a nós.  São belíssimas passagens de cunho religioso que mostram o quanto Jesus e Sidarta eram humanos.
Já que mencionei Sérgio Cardoso, vale a pena ver os vídeos que apresento com a participação do autor.  No primeiro, você assiste, entre três momentos, um fragmento de "O MÉDICO E O MONSTRO".

domingo, 18 de agosto de 2013

É PRECISO MEXER EM VESPEIRO PARA MELHORAR O BRASIL

A princípio achei que fosse ficar acabrunhado por falar em Economia, mas logo em seguida me lembrei de que Fernando Henrique foi ministro da Fazenda apesar de ser sociólogo (sociólogo nada voltado pra o social, como bem mostrou em seu governo) e, no advento do Plano Real, pelos seus discursos, até me pareceu que a obra fora dele, não de Pérsio Arida, Edmar Bacha e companhia. Vocês veem? Se estou sendo pretensioso, ele foi antes. Para sentir-me mais à vontade para falar em gestão de finanças públicas, trago à nossa memória que Antônio Palocci comandou a área econômica do Brasil durante bons anos apesar de ser médico. Se argumentarem que este era médico, mas seria um grande estudioso de economia, fico com muita pena de sua clientela.
Bem, mas o fato é que quero mais uma vez ter a pretensão de falar em economia começando com um  comentário introdutório sobre o socialismo.  Durante muito tempo acreditei no sistema defendido por aqueles que por aqui se diziam de esquerda, mas a guinada à direita que estes deram para desfrutar as benesses do poder me fizeram entender bem que tudo era mera retórica, questão de vender uma imagem para obter respaldo da opinião pública, essas coisas, e que isto não foi um processo ocorrido somente no Brasil: Miterrand, na França, e Felipe González, na Espanha, também se apresentavam como socialistas, mas nunca soube de seus países algum dia terem feito um gestão de cunho socialista.  A própria ex-União Soviética, reduzida hoje a Rússia, mãe do socialismo mundial, nunca foi, paradoxalmente, um exemplo de prática de equidade sócio-econômica, limitando-se a ser estatista e autoritária. Donde concluímos que socialismo é, infelizmente, uma simples utopia, mas não por uma suposta impraticabilidade do sistema e sim em virtude da venalidade dos políticos e sua indisposição de confrontar-se com o poder econômico, que tem força para destruí-los e lhes oferece regalias tentadoras.  Não há quem resista, não é?
Ficando patente que os políticos tornararm o socialismo uma utopia,
pergunto se não existiria alguma saída para que não vivêssemos este neoliberalismo sonso em que o Brasil vive.  Ou seja, porque o governo tem discurso progressista, arrota que é voltado para o social e no entanto não é menos conservador e reacionário do que o tecnocrático sociólogo Fernando Henrique.  Aliás, PT e PSDB só diferem na sigla, no mais são exatamente iguais. Rezam pela mesmíssima cartilha, seguem uma bula comum, só diferindo em que o atual partido governista não é um privatista tresloucado como o de FH.
Mas esqueçamos a incongruência do governo entre discurso e prática e toquemos na questão da injusta e perversa distribuição de riquezas do Brasil.  Se a reforma agrária praticada pelo atual governo está muito longe de sê-la na plenitude da palavra, pois é pífia e quase anedótica; se as indústrias jamais serão estatizadas nem seus frutos distribuídos entre os seus trabalhadores; se os bancos continuarão não produzindo nada e arrecadando oceanos de dinheiro, pois do contrário os grandes empresários daqui e do exterior fariam com os nossos "nobres" governantes o que fizeram com Jango... se não há definitivamente como dividir as terras e os complexos industriais e comerciais, algum grupo de gestores e políticos verdadeiramente corajosos poderiam começar a vender a ideia de mexer em vespeiro e taxar as grandes fortunas ( o que já botou o "bom" Bresser no olho da rua), pois isto mataria essa fome de arrecadação do governo, que recolhe demais e sofre de obesidade fiscal mórbida, e poderia, se tivesse a bondade de promover uma renúncia fiscal que permitisse aos empresários pagar bem menos do que pagam por cada emprego gerado (desonerar a mão de obra e produção), além de tocar na legislação trabalhista de modo que obrigasse os produtores e patrões a pagarem salários que atendessem às necessidades dos trabalhadores e seus familiares, conseguiria reduzir significativamente as desigualdades.  É certo que alguém de condição social privilegiada argumentaria que, se os salários ficariam vigorosos, como o erário faria para pagar as aposentadorias?  Então eu diria que então chegaria o momento de os banqueiros serem mobilizados e encarregados de partilhar este ônus com o setor público, o que, além de permitir o pagamento de aposentadorias condignas, daria ao governo ainda folga para construir hospitais e escolas públicas e pagar bons salários a médicos e professores (se, é claro, combatesse severamente a corrupção).   Garanto que ainda sobraria para investir em habitação e segurança pública.
Vê?  Seria necessário a renúncia voluntária do governo, que precisa ser menos gordo e faminto, e a compulsória dos empresários  e banqueiros.  O problema é que, repito, seria preciso mexer em vespeiro.  E aí eu lhe pergunto: o que é melhor para o político: cutucar onça com vara curta e correr o risco de sofrer o efeito Jango ou garantir para si e pimpolhos a perenidade de todo aquele fausto, toda aquela ostentação, com caviar, absinto, "poire", patê de ganso, uísque escocês e outros luxos que a carreira política sempre proporciona?  Ficou bem entendido, amigo? Embora seja possível e praticável, mesmo fora de um sistema socialista, uma sociedade bem assistida e de melhor distribuição de recursos, percebe porque nada é feito com tal objetivo?

Barão da Mata

sábado, 17 de agosto de 2013

O PAI-DE-SANTO

- Hmmmm.... Vejo nos búzio qui zifio tem zifirida em zibrioco. O qui zifio andô fazendo?
- Não, pai Bodão, eu não tenho, não... É que eu e a Anitinha... sabe?...  E aí ela ficou meio prejudicada, sabe?
- Intão? É rabo-de-saia de zifio... 
- Bem, pai bodão... Mais ou menos assim... Digamos que é prima da minha esposa...
- Ah, intão! Ma num dexa di sê rabo-de-saia de zifio.   Pai viu nos búzio... e viu traição também.
- E como vão as coisas pra mim?
- Aquela demanda na Justiça tá indo.  Vai ganhá si fizé trabaio grande, e aí pai Bodão das Incruza aqui ajuda.
- Mas eu não tenho nada na Justiça.  Meu irmão que é advogado e só fala no trabalho dele.
- Ah, intão pai Bodão tá certo!  Viu coisa de Justiça aqui: Xangô vai ajudá muito ele.
- Olha, pai Bodão, eu quero ver se vou conseguir resolver os meus problemas...
- Hmmmm... Zifio tem dor de coluna, dor de cabeça de vez em quando, às vez se gripa e... às vez num sente uns arrepio?
- É, sentir eu sinto, mas...
- Pois é! É tudo espiritual! É prima de muié de zifio, essa aí que zifio tá comendo, que tá fazendo trabaio pra prender sucê...
- Mas como, se ela não acredita em nada?  Chuta despacho na rua, de brincadeira.
- Intão é isso mesmo: uma amiga dela, de zicabelo cumprido, qui tá fazendo trabaio por ela, só pruqui ela num cridita.
- Hmmmm... Entendi.
- Hmmmmm... Zifio também leva chifre da muié casada.
- O quê????!!!!  A Marina me trai?????!!!!!!!!
- Trai, fio, e é cum macho preto, pruqui ela só pensa grande...
- É...  ela tem mesmo mania de grandeza, é megalomaníaca, sabe?
- Pois é, mas Pai Bodão vai dá um jeito.  Vai na casa de erva, depois faz um banho de esfria-tabaca e, quando ela tivé de bobera, joga em cima dela, qui ela num vai desejá mais ninguém que não sej'ocê.
- Mas ela vai ficar uma arara.
- Zifio diz qui é só brincadera...
- Mas que brincadeira, pai Bodão!
- Fio qué cuntinuá galhudo?
- Não.
- Intão faz.
- E a história do emprego...?
- Tô vendo aqui qui sucê vai crescer muito no seu trabaio.
- Mas, pai, eu tô desmpregado e querendo arranjar trabalho...
- Pois é isso: vai ranjá logo um emprego e vai crescer rapidinho lá drento.  Parabéns, zifio!
- Obrigado, pai.
- Tô vendo aqui pobrema cum droga...
-  Mas eu nem sequer bebo ou fumo. Nem minha mulher... nem uma nem outra... Só se for o meu vizinho, que fica cheirando e depois começa a bater na mulher.
- Intão é isso, mas que pai viu, viu. Ói!
- Sim?
- E cuidado com esse vizinho, qui ele tá fazendo trabaio ruim pra sucê.
- Pra mim????   Mas eu nem me meto com ele, finjo que não vejo quando ele bate na mulher, me dou muito bem com ele...
- Mas ele tem inveja de sucê!
- Bom, se Pai Bodão tá falando...
- Faz um difumadô de sossega-corno e joga a fumaça na direção da casa dele...
- Ué? Por que sossega-corno?  Ele também é?
- Não, fio: sucê qui é o corno que fica inquieto com as energia ruim dele.  Faz o qui eu mando e num prigunta.
- Tá bom, pai...
- Intão? Sartifeito, zifio? 
- Ainda não, pai, porque...
- Mas já tá na hora de nós pará, seu Zoia Beco tá mandando nós terminá pra num nascê birruga na bunda de zifio.  Ele tá dizendo pra zifio pagá logo e ir embora, pruqui sinão fio, co'as birruga, vai ficar mais bundão do que já é.

Barão da Mata

O GINECOLOGISTA E A ESCUTA DA CIA

Antônio Messias, cidadão médico, especializado em ginecologia e obstetrícia, por um dia haver entrado num restaurante árabe, comido e depois levado umas esfihas para viagem, começou a ser investigado pela CIA.  
Os caras colocaram escutas em suas linhas telefônicas, seu consultório, sua residência, sem contar o total rastreamento das vidas de sua mulher e filhos.  Aliás, mulheres, porque tinha duas.
Num dia de consulta de uma recente ex-parturiente (essas consultas pós-parto), pede à paciente que se dispa e se deite na cama para exames.
- Abra bem as pernas. - pede à moça- Vou investigar bem a fundo.
Os americanos, agitados:
- Onde é que esse cara vai se enfiar? Investigar o quê, se investigar é prerrogativa nossa?
O médico se dirige à enfermeira:
- Margarida, dê-me aquele espéculo que eu trouxe dos Estados Unidos.
- Viu? - diz um dos estrangeiros - O filho-da-mãe está dizendo que somos especuladores.
- Desgraçado! - observa um outro.
- Bem, - constata o médico - com este instrumento americano vejo que há uma pequena secreção...
- Olha! O porco diz que somos um país de segregação!  Só não fala que tipo de segregação! Ora, esse monte de estrume...!
O médico continua em seu trabalho:
- Vou colher material para ver se há algum fungo ou bactéria...
- Bandido de uma figa! Armazenando material para guerra bacteriológica! Seria o antraz?
- Ora, George, o certo é que é alguma arma de destruição em massa...
Agora o médico examina as mamas:
- Nenhum nódulo...  A senhora tem tido leite para amamentar o bebê?
- Muito pouco, doutor.  O que devo fazer? Tomar cerveja preta?
- Não, isso não.  Recomendo aquelas bombas...
- Booooooooooombaaaaas!!!!!!!!!!!!   Jesus Cristo!!!!!!!!!!  Ele quer explodir nosso país!!!! 

Barão da Mata  

terça-feira, 13 de agosto de 2013

MARCO FELICIANO, A "CURA-GAY" E A DOENÇA DA CORRUPÇÃO

Depois de o deputado Marco Feliciano ser "ovacionado por fãs" no voo para Guarulhos,... Olha... aquilo foi muito engraçado.... Só achei abusivo tocar fisicamente no parlamentar.  É preciso limites para se manifestar desagrado quanto a alguém, por uma questão de cuidado para não perder a razão e o apoio da opinião pública e, o que é mais grave, tornar o hostilizado vítima e, por analogia,  herói.  Recomendável ter cuidado sempre.
Essa história de "cura"do homossexualismo é obviamente de um ridículo que vai às raias do lamentável.  Não posso me colocar entre os  simpatizantes da conduta erótica  homoafetiva, não acho que o mundo seja "gay" ou deva sê-lo, porque cada um deve ter a sua definição sexual respeitada, sem que precise ou deva ser compelido a ter esse ou aquele comportamento sexual.  Se abraçarmos a ideia de que o correto seja ser "gay", aí o preconceito se inverterá, não é? E assim, nós, heterossexuais, acabaremos perseguidos e discriminados.  Mas, com toda a sinceridade, acho legítima toda e qualquer manifestação de homossexuais para serem aceitos (ou mais bem aceitos) pela sociedade, da mesma forma como gostei da decisão do STF que conferiu a eles o direito à união estável e à pensão, benefícios e todos os direitos de cônjuge.  Sem contar que nada tenho contra a adoção de crianças por casais do mesmo sexo, porque o bem-estar do menor está atrelado ao afeto, cuidados e da boa assistência recebida dos pais, independentemente de estes serem do mesmo sexo ou de sexos diferentes.  Além do mais, um milhão de vezes preferível  um menino  criado por casal "gay" a uma criança padecendo e aprendendo lições de criminalidade nas ruas.
Nos anos 1970 e meados dos 1980, era unanimidade que os homossexuais deveriam ser "tratados" por psicólogos ou psiquiatras, porque eram considerados portadores de graves distúrbios emocionais. Já a partir da segunda metade dos 80 surge uma escola que achava que os chamados "diferentes" precisavam, diante da impossibilidade de "cura", ser acompanhados por terapeutas para se aceitarem como eram, sem levar em conta os preconceitos e as opiniões contrárias das pessoas.  Por fim, a partir de  manifestações e poder de inserção dos não heterossexuais como parte componente e  respeitável - sob o ponto de vista numérico e humano - do chamado tecido social, estudiosos, legisladores, membros do Judiciário e governantes, além dos profissionais de psicoterapia e psiquiatria, passam a vê-los como indivíduos não doentes nem marginais, e isto lhes confere um melhor acolhimento pelo público em geral, só lhes havendo hostilização por parte de violentos rebeldes acéfalos e sem causa ou bestas humanas sectárias da idiotice perversa, assassinos por excelência  e por um sem-número de  não violentos que militam por aí em nome de um falso moralismo.  E é justamente onde se enquadra o nosso "querido" Marco Feliciano.  
Tornado presidente da Comissão dos Direitos Humanos do Congresso por deploráveis acordos e arranjos políticos  dos quais o governo e o PT não poderiam  ficar de fora, nosso amigo não deixaria  jamais de erguer a bandeira da moralidade. É possível que ele se sinta meio messias, incompreendido a princípio mas autêntico e verdadeiro  mensageiro dos desígnios dos céus? 
 Nos meios políticos do Brasil essa coisa de "moral" é muito corriqueira.  Demóstenes Torres é um exemplo disto, apesar de, diferentemente de muitos, o ex-senador ter dado a impressão de defender uma moralidade séria. 
Eu disse diferentemente de muitos, mas isto não quer dizer que aqui por estas bandas da África incontáveis políticos não tenham levantado a sacratíssima bandeira da elevada ética política e econômica ou da ridícula e da "ainda mais santa e bendita" falsa moral comportamental enquanto se enfiavam em falcatruas manjadas e perniciosas de deixar as mocinhas rosadas de vergonha e até os pentelhinhos de qualquer um arrepiados.  Nasci em 1958, vi a moralzinha barata proibir peitos femininos de fora e nudismo nas praias, mas não vi ninguém acenar com penas realmente severas para corruptos ativos ou passivos (seriam estes últimos cândidas vítimas estupradas de corruptores?), que, embora sejam saudáveis do ponto de vista médico, transformam-se em focos absolutamente putrefatos, purulentos e contagiosos de doença sócio-político-econômica.   E agora, me pregunto, como combatê-los?  Será possível que teremos de considerá-los doentes? Se assim for, teremos então uma sugestão de substitutivo para o projeto do ilustre deputado Feliciano: onde se lê "cura-gay", leia-se agora "cura-calhorda": que tal?   você concorda? Então vamos lá, vamos correndo colaborar com o parlamentar e propor a troca do projeto?

Barão da Mata

domingo, 21 de julho de 2013

LOBATO

Conheci Lobato quando eu tinha ainda meus quinze anos. Morava na Penha.  Devia já estar ele pelos seus sessenta a sessenta e cinco anos. Era culto e tinha voz firme. Cabeça branca, magro, enrugado, irônico, irreverente, beberrão, envelhecido e sempre com trajes sujos e velhos, vivia pelos botequins e dormia nas ruas, sobrevivia de alguns biscates e de desenhar Jesus Cristo no chão, com carvão, em troca de moedas que lhe jogavam. Era despojado de tudo.  Diziam que sua família tinha boa condição social e vez por outra o recolhia, dava-lhe boas roupas e uma vida condigna, mas sempre o velho voltava às ruas. Era a vida de que gostava.   
Eu o admirava, porque, apesar da pouca idade, via nele algo novo, totalmente fora dos padrões que eu conhecia, uma espécie de repúdio ao bom-mocismo tão hipocritamente professado pelas pessoas e a sociedade em geral.  E justamente naquela época eu já começava a renegar a figura do bom-moço, do bem-ajustado às ideias dos pais "perfeitos"  e cheios de princípios morais pouco sinceros e muito duvidosos.  Lobato  era o desprendimento, a desambição e talvez me tenha exercido alguma influência. Possivelmente porque me lembrasse, guardadas as devidas proporções, Diógenes, o filósofo grego totalmente desapegado das convenções sociais e cujos únicos bens eram um tonel que usava para abrigar-se do frio e uma cuia com que bebia água, a qual jogou fora após ver um menino fazê-lo convertendo as mãos uma concha. As histórias que me eram contadas do pensador me fascinavam Talvez o indigente misturasse Diógenes com Jesuíno Galo Doido, o anárquico velho vagabundo de "Os Pastores da Noite", de Jorge Amado ( não conhecida ainda eu o Quincas Berro D´´Agua). 
Não sei o exato motivo: só sei que me encantou, porque eu estudava à tarde e, embora ainda não bebesse, passava as manhãs sentado a mesas de botequins, só para ouvi-lo contar suas histórias e ficar a conversar com ele.  Um dia me contou que na juventude fora militar e, num baile do pessoal das forças armadas, dançara com a mulher de um oficial superior, com quem flertara durante a dança. Soube (ele) que depois, manifestado o ciúme do marido, a moça confessara  acintosamente que gostara do comandado: por isto, o oficial teria conseguido um pretexto para desempregá-lo.  
Não contava do que teria vivido antes de optar pela mendicância... ou se ter-se-ia entregado à indigência lopo após o episódio.  Mas o fato é que gostava de andar com roupas sujas e velhas e de viver dos expedientes de que já falei.
Vez por outra sumia.  Quando se perguntava pelo velho, diziam que havia morrido. Passavam-se dois ou três meses, reaparecia.
- Lobato, mas disseram que você...
- Que eu tinha morrido, eu sei.
Brincalhão e divertido, outros jovens gostavam de ficar em torno dele.  Os mais maduros gostavam de ocupá-lo para confabulações mais sérias e mais cultas.
Sumiu duas, três vezes, e voltou sempre se dizendo sabedor do boato de que morrera.  Uma vez desapareceu e nunca mais voltou. Uns quinze anos mais tarde alguém me contou  que realmente morrera: resolvera integrar-se à sociedade, fora morar com a família, arranjara um emprego de motorista e morreu num acidente de  automóvel.
O nome do homem não é fictício, era este realmente culto, irreverente e respeitado pelos que também o eram(cultos), vivia embriagado e ganhava a vida com desenhos no chão e biscates, mas todas as outras histórias soube através dele próprio e das pessoas que o rodeavam. Até a morte soube por intermédio de um conhecido comum.  Mas que era um homem fascinante, inegavelmente era.

Barão da Mata  

sábado, 20 de julho de 2013

AS LAMENTÁVEIS OPÇÕES DO BRASIL PARA AS ELEIÇÕES DE 2014

Só para vermos como são os políticos e pensarmos sobre os presidenciáveis. .  
Quando Collor tomou posse e confiscou os ativos financeiros da classe média,  Aloysio Mercadante, ao tomar conhecimento, disse de pronto:
- Nós teríamos feito a mesma coisa!
 O economista não vai concorrer à presidência, mas para quem se dizia socialista o discurso é absolutamente incoerente.
No início do governo do citado mandatário, Cyro Gomes foi a um programa de entrevistas e elogiou a política econômica do então presidente e ainda depreciou aquilo que nós pensávamos que eram esquerdas. depois tornou-se herdeiro de um partido que anteriormente fora comunista.
Aécio Neves só é político por ser neto de Tancredo Neves e isto lhe valeu o governo de Minas Gerais e  a condição de presidenciável, e vem com o objetivo de retomar a política econômica  recessiva e de empobrecimento do país implementada por Fernando Henrique, que foi socialista teórico até ser ministro da Fazenda de Itamar e, eleito presidente, governou em perfeita consonância com o pensamento de neoliberal e ultrarreacionário de Roberto Campos, e  fez o Brasil desfazer-se  da Vale do Rio Doce e de todo o patrimônio nacional.
Dilma é cria política do Lula e os últimos três meses de seu governo dispensam qualquer comentário sobre a presidente.
Assim sendo, ter de optar entre Dilma e Aécio, ou ainda enxergar em Cyro uma terceira via, é motivo de grande lástima para o Brasil.

ESPECULAÇÕES SOBRE OS DESDOBRAMENTOS DAS MANIFESTAÇÕES

Voltei a assistir a debates sobre as manifestações que vêm ocorrendo nos últimos dois meses e vi analistas levantando a possibilidade de todo esse movimento desaguar na direitização do país.  No que, pelo menos por ora,  não acredito.  Não nego que possa ocorrer a médio prazo, se me propuser a ter a mesma concepção que eles me pareceram ter de direita ou de esquerda. Sem levar em conta que, após a Revolução Francesa, os parlamentares que se sentavam à direita do parlamento  eram os que apoiavam o governo, enquanto os que se postavam ao lado contrário se opunham a ele,  sem que houvesse ali uma questão de cunho doutrinário... sem levar isto em conta,  vou entender direita como a doutrina que professa o liberalismo econômico e sobrepõe os interesses do capital e os aspectos técnicos aos sociais, sem se importar com criação ou expansão da miséria que disto possa resultar.  Se analisarmos por este ângulo,  haveremos primeiro de convir que o PT não é, senão nos palanques, nenhum partido de esquerda.  Ou estaria eu dizendo uma idiotice sem medidas?  
Acredito que não, apesar dos bolsas que o governo paga, em muitíssimos dos casos para quem não produz (como bolsa aos consumidores de "crack", que precisam de tratamento em vez  de dinheiro - e dona Dilma bem sabe disto, só lhes concedendo o benefício para obter os votos dos familiares dos usuários e se possível dos próprios, num gesto perverso para os cofres públicos e, no fim das contas, para os próprios viciados), apesar disto, as práticas do seu governo não vão além do populismo demagógico, o que é uma praxe muito comum dos sistemas políticos chamados de direita.  Por exemplo vejamos: Roma dava ao povo pão de graça e espetáculos de lutas sangrentas entre gladiadores, noutras ocasiões dava cristãos e escravos a grandes felinos famintos, na política de pão e circo: era por isto um regime de esquerda? 
Getúlio Vargas não era rotulado de socialista; muito pelo contrário: perseguiu socialistas e comunistas, torturou-os e matou-os, aproximou-se do Eixo, mas por outro lado instituiu os direitos trabalhistas mais avançados que o Brasil já teve - os quais, aliás, desde mais ou menos meados dos anos 2000, os congressistas  e o governo querem suprimir, só aguardando o momento oportuno para fechar as votações.  Quando falo congressistas e governo, não se entenda que o PSDB esteja fora disto: é o PSDB, o PTB, o PMDB, o PT, o PPS, o DEM, todos envolvidos num projeto de usurpar da classe trabalhadora as férias remuneradas, o décimo-terceiro salário e vai por aí adiante, em nome da preservação da saúde financeira das empresas, que veriam reduzido o preço da produção e poderiam ostentar maiores lucros.
Bem, até aqui não conseguimos diferir o PT de nenhum partido que tenha sido tachado de direitista. Quereriam então nossos analistas definir direita como repressão e esquerda como democracia? Se é assim, agora podemos fazer uma análise. Primeiro, o que eles definem como direita vou classificar como ditatorial, tirânico, autoritário, e aí me reporto ao regime militar, referência de tudo  o que se antagoniza à democracia.  Aqui, sem antes deixar de considerar que democracia é, principalmente no Brasil, uma coisa relativa - digo principalmente porque os povos da Europa eram contrários ao apoio de seus países aos Estados Unidos na invasão do Iraque e muitos manifestantes foram espancados por este motivo; digo-o também porque as polícias estaduais, especialmente a do Rio, vêm tratando a pauladas não só os vândalos, mas os verdadeiros reivindicadores que protestam pelas ruas (sobrou até para jornalistas) - acho, sim, que pode haver um endurecimento no trato do poder público com a sociedade, mas não vejo clima político ou respaldo popular para que a presidente Dilma venha a fazê-lo ao menos agora.  Não nos esqueçamos de que é ela a chefe de um governo que juntamente com os políticos vem sendo alvo de todas as insatisfações.  Não creio também em intervenção militar: os militares estão restritos aos quartéis, e o poder econômico internacional não os quer mais no poder por aqui, porque os civis são muito mais flexíveis quanto aos interesses deste último (vide privatizações FH a preços de queima de estoque).   Se vier a acontecer um recrudescimento político, ele percorrerá a via das eleições de 2014, e, como todo início de governo é uma fase que podemos chamar, por analogia, lua-de-mel entre população e governo (já que ninguém se elege sem o apoio e a simpatia da imensa maioria), toda medida e legislação autoritária que venha a ser proposta pelo futuro governo, seja este a reedição do mandato de Dilma ou o primeiro período de Aécio Neves (ou de alguém que acaso venha a surpreender), será considerada santa e bendita.
Portanto, a minha opinião é que o que houver de ser de ser conquistado, terá de sê-lo agora.
Entretanto,  depois de aprovada a transformação de corrupção em crime hediondo (cuja pena não sabemos qual seria), derrubada a PEC 37 e a retirada do projeto tresloucado de "cura" do homossexualismo, não vejo nada senão promessas quanto ao campo social.  Não observo  movimentações da presidente em suprir a gravíssima carência que temos de hospitais públicos com pessoal e equipamentos, não ouço falar em construção de escolas, colégios e universidades, não li uma sílaba sobre política habitacional concreta e condigna; quando se fala em segurança, é para mandar policiais descerem o pau nos que protestam (ou seja, segurança para os donos do poder, obtida por meios violentos de intimidação), e Sua Excia. alardeia muito que as ruas estão exigindo uma reforma política... mas não me lembro de nenhuma manifestação haver pleiteado voto distrital ou financiamento público de campanha. Estaria a eminente presidente olhando para o lado errado, o de fora do Brasil?
Financiamento público de campanha vai gerar locupletações astronômicas, porque os políticos vão se fartar das verbas pagas com o nosso suor para as suas campanhas e não vão deixar de contar com as doações polpudas dos conglomerados financeiros cujos interesses defendem. 
Em vez de se preocupar com estes temas, nossa mandatária maior deveria buscar verdadeiramente o apoio das vozes das ruas para pressionar o Legislativo a elaborar uma legislação rígida e de real e efetiva moralização da política brasileira, legislação válida para o três poderes e totalmente intolerante a coisas como os mensalões da vida; conjunto de leis cujo cumprimento fosse incessantemente fiscalizado, porque até a mais para das criaturas sabe que lei sem fiscalização tem o efeito  de lei inexistente.
O que me parece, entretanto, é que os nossos parlamentares e mandachuvas, enquanto entre si alimentam inúmeras divergências, estão esperando estrategicamente apenas o tempo passar.  


terça-feira, 2 de julho de 2013

OS NAMORADOS DA REDE SOCIAL

O rapaz e a moça vêm andando um na direção do outro, na ampla calçada, entreolhando-se fixamente,e ela sorri:
- Ricardo?!
- Eu mesmo, bonitinha.
- Puxa! Você é pontual , hem?
- Sempre fui...
- E olha que eu tava pensando comigo: "Ângela, será que ele vai 'deixar furo'?"
- Não faria isso com você.
- Olha, você é mais bonito pessoalmente...
- Você também, lindinha...
Ela agradeceu e em seguida sorriu, observou com um ar de malícia:
- Mas você é um pouquinho mais velho do que nas fotos, danadinho?
- Mas e a cam...?
- A resolução da tua é muito ruim!
- Tem muito tempo que eu não tiro foto - o rapaz explicou.
Ela seguiu, ainda com um  riso concupiscente:
- Por falar em danadinho, você é terrível mesmo, hem? Fazia tudo pra eu tirar a roupa na cam, mas eu joguei duro com você - gesticulou com mãos e braços rígidos - e eu não tirei! Não tirei nem deixei você tirar! Fui durona, não é?
- Demais... - ele balançou a cabeça como derrotado.
- Mas não é melhor assim? - ela o chamava à razão, como a confortá-lo - Hoje vamos nos despir juntos, você vai  conhecer meu corpo, eu vou conhecer o seu, a gente vai fazer amor... Não é melhor a novidade?
- Se você acha assim...? - ele levantou os ombros.
- Fui durona mesmo. A gente se falou vinte dias, mas eu nunca cedi pra você!
Ele sorriu um tanto sem graça, ela informou:
- Tem um motel aqui no fim desta rua que é ótimo! Tô louca pra te amar, você não imagina.
Os dois seguiram de mãos dadas, no caminho ela queria conversar:
- E como vão as coisas no trabalho?
- Tanta coisa na cabeça - ele se justificava e a inteirava -,  que eu não te falei que mudei de emprego: comecei no banco hoje.
- Ah! Que legal! É melhor pra você?
- Claro que sim!
- Se é melhor...
- Lógico que é!
- E  a tua namorada? Não desconfia de nada?
- Claro que não. Dei um bom drible nela hoje.
- Ricardo, meu amor, posso descumprir uma promessa que te fiz?
- Depende.
- É que não vou poder passar a noite contigo, porque hoje o pai da minha filha vai levar ela lá pra casa...
- Tá bom, anjo, desta vez tá tranquilo, mas da próxima...
-Juro que na próxima nós dormimos juntinhos, juntinhos... ficamos a noite inteira juntinhos, tá?
Ele concordou num gesto de cabeça, chegaram à entrada do motel.
Amaram-se de forma quase animalesca, num ardor de não ter controle. Depois se despediram muito calidamente:
- Você promete que amanhã me liga, meu amor? - pediu Ângela.
- Ligo cedinho, pode deixar... Antes de ir pro trabalho.
Na manhã seguinte, o celular da mulher tocou, e ela reconheceu na bina o número do Ricardo:
- Oi, meu amor! Que saudade!
- Ah, minha querida, me desculpa ter te deixado esperando ontem! Mas a minha namorada apareceu de surpresa lá no escritório, quinze minutos antes de eu sair, e me levou pra jantar e depois cismou de passar a a noite comigo.