Barão da Mata - Verdades e Diversidades

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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

RÁDIO BESTEIROL (II)

"Oi, amigos da rádios Besteirol, sintonizada em q-m-e-r-d-a,3, vinte e quatro horas por dia no ar!  Aqui quem fala é o amigo de vocês, Jarba Boseira, com uma programação de músicas e entretenimento pra você(!), você(!), fiel ouvinte de todos os dias e todas as horas... :Aqui estamos, juntos, sob o patrocínio do óleo de peroba facial Planalto, o óleo que mantém viçosos os rostos dos atores Dilma e do Lula e é o preferido dos políticos do Brasil.
Tempo de férias, amigo ouvinte. Faça sua viagem ao Rio de Janeiro pela Mazela Turismo!  Visite as cracolândias típicas da cidade e do Estado: são espetáculos pra você nunca(!), nunca(!), nunca esquecer! Passeie também pelas nossas estações de águas podres: a Baía de Guanabara, os rios  Maracanã, Meriti, Faria Timbó e outros mais que  vão matar o Tietê de inveja!  Percorra também  os subúrbios e ria a valer em ver os motoristas de ônibus não parando nos pontos e ainda  atropelando os pedestres, com impunidade garantida ou seu dinheiro de volta. Mazela Turismo(!), o seu bonde das emoções!
Agora, querido amigo da Besteirol, eu declamo para você uma letra de pagode que achei de uma profundidade incrível!  Feche os olhos,amigo, e mergulhe na poesia.  É o pagode 'Tu Ralaste' do grupo  'Roxo Sem Arrocho!', e a letra é assim:

'Meu amor,
 Por que tu me abandonaste?
Sem te ver, 
.Tô broxando feito um traste.
Amor meu,
Sem te ter,
Tô broxando feito um traste.

Meu amor,
Nunca mais tive teu corpo,
Vou seguindo,
Engordando feito um porco.
Sem te ter,
Tô broxando feito um traste.

Meu amor,
De alegria minha fonte,
Sem te ver,
Vivo embaixo duma ponte.

Meu amor,
Nossas noites tão bacanas,
Minha dor
Foi tu seres tão sacana,
Me traindo
Num bar de Copacabana.

Teu tesão
Era coisa que eu gostava,
De soltar-te meu dinheiro,
Mas, "mozão"
Tu também não precisavas
De soltar pr'um time inteiro
De terceira divisão.

Mas amor,
Tu pra mim és mais que tudo,
Pra te ter
'Costumei a ser chifrudo.

Meu amor, 
Por que tu me abandonaste?
Sem te ter,
Tô broxando feito um traste.
Sem te ver,
Tô broxando feito um traste.'

"Lindo, não é mesmo, ouvinte da rádio Besteirol(?!), a sua companheira de todas as horas, todos os minutos, todos segundos...  Agora vamos responder à pequisa do dia.  A pegunta é a seguinte: para você o ex-presidente Polvo sabia ou não sabia de tudo?  Se sabia, responda: por que calou?  Opção A: faturou em cima? B: não queria atrapalhar os companheiros? C: gosta mesmo é de uma sacanagem?  Agora, se você responder "não", que o ex-presidente não sabia, responda também por quê. A: é cego?  B: é burro? C: passava o tempo todo comendo churrasco  com pinga?
Assista esta noite, na 'TV Ovo' ao filmaço(!), filmaço(!)  'O Silêncio dos Indecentes',  com Saulo Yamamoto, Ruiz Fula Madressilva, Melrose Vergonha e grande elenco.  Intriga, mentira, morte, ação, inação, roubo... 'O Silêncio dos Indecentes', às onze da noite, na 'Rede Ovo'."
"Agora vamos ouvir a música maravilhosa do 'Roxo Sem Arrocho'"
E toca a música sofrível de letra mais sofrível ainda.  Depois volta o radialista:
"É isso aí, minha gente boa! Cultura é aqui na rádio Besteirol!  E vamos aos destaques do noticiário de hoje: 'presidenta' Vilma diz que seu governo é tão transparente, que deixa os homens excitados. Ex-ministro Tom Zé Perseu pede ao papa a canonização do ex-presidente Polvo. Governador acha que cracolândias podem incrementar turismo. Capítulo especial da novela das vinte e uma,  'Salve Zé', deve entrar pelo brioco adentro.  Técnico afirma que seleção ganhará se não perder ou empatar. Pesquisa indica que mulheres tossem mais do que os homens.  Governo investirá mais em educação: pagará curso de etiqueta à sua chefe. Giuliana Faz rompe romance com Maurílio Fenício. Vandré Charques deixa Évora Seco toda molhadinha. Nesgo concorda que má qualidade do programa de que participa causa pânico. É isso aí, galera boa! A rádio Besteirol é diversão, entretenimento e notícia vinte e quatro horas!"

Barão da Mata












AS PROCISSÕES DO DIABO

A coisa no Brasil tá mesmo preta.  O Gilberto Carvalho, secretário geral da Presidência - aquele mesmo que foi submetido, junto à família de Celso Daniel, a acareação na CPI acerca do assassinato do prefeito -, disse que o PT teria um 2013 muito difícil e seria preciso botar a militância nas ruas, para resgatar ou preservar a imagem dos companheiros tão injustiçados, coitados(!), e tão perseguidos  por aqueles que são contrários aos avanços sociais implementados pelos governos do partido  (leia-se "esmolas do bolsa-família") e às conquistas do próprio povo brasileiro.   Fico imaginando as passeatas que vão ser realizadas, a participação de artistas (vi um  ator  da Globo numa foto de jornal, em apoio ao José Dirceu, o que, aliás pela própria história das organizações, não é muito para se estranhar), as palavras de  ordem, etc... Serão como procissões bizarras e de valores invertidos.  Já vi muitas procissões, mas estas eram em louvores a santos católicos, cuja existência e santidade não me cabe no momento questionar, que entretanto eram feitas em prol de santos, não de salafrários de primeira grandeza, supostamente pretensos ou ainda realmente pretensos assassinos, ou quem sabe assassinos de verdade, sem contar os comprovadamente envolvidos em falcatruas de envergonhar qualquer vigarista dialético.  Em outras palavras, a política nacional vai inaugurar um verdadeiro ciclo de procissões em exaltação ao diabo.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

GONZAGA DE PAI PARA FILHO, QUE OBRA PRIMA!

Vi o filme "GONZAGA DE PAI PARA FILHO" e fiquei profundamente emocionado.    A produção é riquíssima em cenários, em realismo, na descrição do tempo vivido pelo Gonzagão, no sotaque dos personagens, na abordagem à linguagem e à mentalidade dos homens daquela época. Foi perfeito. 
Filho de nordestino, conhecedor do pensamento e idéias daquele povo, pude notar a precisão com que o diretor focalizou aquelas inquestionáveis verdades.  Além do mais, tenho boa noção da biografia do Gonzaguinha e sei quanto ódio aquele homem alimentou dentro de si enquanto compunha as mais lindas músicas e letras de amor.  Grande paradoxo, não é?  Mas é o real, o mais absoluto real.  
Desassistido pelo pai, a não ser no aspecto financeiro, Luiz Gonzaga Jr. envolveu-se até com o crime, experimentando percalços como os maus tratos da madrasta e a tuberculose, caindo na vida até brilhar na MPB e sendo desta um dos maiores compositores da nossa gente.  E isto mostra a prevalência do seu talento singular, ímpar, impressionante. 
Gonzaguinha não olhava de frente, mas de baixo para cima e atravessado, a gente lia a revolta na maneira que este tinha de olhar, e aquele extremamente talentoso compositor canalizou toda a sua revolta contra a situação política do tempo em que viveu.  
Os talentosos morrem logo, e Gonzaguinha, se não me engano,  morreu aos quarenta e sete anos, no auge da criatividade.  Os medíocres, os canalhas  e os cruéis não morrem nunca, porque o Diabo não os aceita no Inferno, e Deus alega que o Céu não é o lugar deles.  Mas Gonzaguinha morreu logo porque a humanidade, torpe, não merecia ( e não merece ainda hoje ) tê-lo em seu meio.
Mas, voltando ao filme propriamente dito, é de uma poesia inenarrável, de uma beleza envolvente e de uma poesia inefável.  Os atores brilharam - meu Deus!, vi o irreverente Gonzaguinha no ator que o interpretou (parecia um espírito incorporando num médium).  Houve cenas fortíssimas, e, no momento em que o filho desanca o pai, tudo me pareceu extremamente real.  Vivam os grandes atores!  Passo a vida exaltando os exímios cantores, mas os expressivos atores também são simplesmente mágicos.
Senti saudade de ver o Gonzaga velho tocando seu acordeon e espalhando as harmonias mais belas, do filho raivosamente irreverente (sobretudo porque no Brasil o sistema precisa e sempre precisará ser atacado pelos raivosos irreverentes) e uma certa tristeza por notar que a MPB, hoje em franca decadência, sem os dois, ficou um tanto quanto mutilada.
Prometi a mim mesmo que não mais seria saudosista, mas vendo aquele filme, sinceramente, não dá pra ser diferente (ou indiferente).
Vi muitas produções brasileiras sofríveis, mas o filme que vi me pareceu estar acima do bem e do mal e me orgulhou pelo fato de o Brasil ainda contar com cineastas responsáveis e que primam pela boa qualidade de suas obras.

2012


domingo, 16 de dezembro de 2012

O "THE VOICE" E OS GRANDES ARTISTAS

Vi hoje a final do "The Voice Brazil" e fiquei feliz e comovido: venceu a Elen Oléria.  Como me pareceu justo!
Entre as finalistas achei-a, em minha modestíssima opinião de leigo, a que mais brilhou, sem sombra de dúvida a mais brilhante.
Não que não tenha passado por lá gente do mesmo quilate, valor artístico do mesmo peso, como Ludmila Anjos, Mira Callado, Alma Thomas, Marquinho Sócio e outros que não chegaram ao fim da competição, mas hoje, entre as quatro impressionantes e fascinantes finalistas, Elen me pareceu a mais desenvolta, a de voz mais plena de recursos.  O que me desalenta é que talento artístico não deveria ser medido por meio de comparação, submetido a disputas do nível fulano é melhor do que beltrano., cicrano é o primeiro  e os demais estão em situação inferior. Disputa é para jogo de futebol, basquete, vôlei, sinuca, etc..., nunca para artes.  Não digo que não se jogue futebol ou não se pratique qualquer outro esporte com arte, mas embates são para atletas e jogadores, não para cantores, músicos, compositores, literatos, poetas, cronistas, pintores, escultores... Desculpe-me, mas não acho muito válido.  Posso estar na mais absurda contramão da opinião geral, mas para mim não são muito adequadas ao bom senso essas contendas artísticas. Mas, no caso do "The Voice", como no de muitos outros programas do gênero,  não afetou o brilho da produção da Globo.  Vi desfilar inúmeros talentos esplendorosos por ali, num embevecimento pejado de espanto e admiração.  Toda aquela gente resplandecente merece despontar  no meio da música, porque são cantores de enorme expressão e envergadura.  Fiquei contente e emocionado de verdade, sobretudo porque, aficionado por MPB, vejo surgir uma  uma profusão de prodígios que vão fazer ainda mais rica a música e a cultura nacional.
O Brasil é, digo com toda a franqueza e sem demagogia alguma, um magnífico celeiro de artistas.

A ESTABILIDADE ACIMA DE TUDO: NOSSA MÃE!


Gostaria de sugerir às autoridades incumbidas de cuidar da segurança pública que não enviassem mais policiais para incursões em favelas, agora convertidas verbalmente em comunidades, porque esta última expressão não é pejorativa e gera um efeito psicológico importante, por fazer que o morador não mais se sinta habitante de um gueto nem com razões para cobrar empreendimentos urbanísticos dos governos... Bem, quero sugerir que  a polícia não faça diligências em tais lugares, e você sabe por quê?   Sabe por quê? 
É simples: se no escândalo do mensalão muita gente aparentemente boa achou que não se devia investigar de um modo efetivo  o nosso "grandioso" Lula, porque desestabilizaria o governo,  e hoje homens que deveriam apurar as delações feitas pelo Marcos Valério não lhe dão ouvidos, segundo avaliação de alguns, pelos mesmos motivos (agora em relação ao governo Dilma),  é bom também que a polícia não suba mais as favelas, para não desestabilizar as chamadas comunidades.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

PUXA! NINGUÉM GOSTA DO LULA!


O ministro do Supremo, Gilmar Mendes,  acusa Lula de tê-lo procurado para pedir o julgamento do mensalão após as últimas eleições municipais; Lula se defende dizendo que é preciso estar alerta por haver, na época,  ainda quem não gostasse dele: Gilmar Mendes  não gosta do Lula.
No período de julgamento do mensalão, o advogado de Roberto Jefferson, acusa Lula de ser o líder do mensalão: o advogado do Roberto Jefferson não gosta do Lula.
A  operação Porto Seguro, da Polícia Federal,  conclui que haja envolvimento muito estreito entre Lula e Rose Nóvoa, ex-chefe do gabinete da presidente Dilma em São Paulo, que teria (Rose)  traficado  influência feito o diabo e  sido indicada  pelo ex-mandatário para o hoje perdido cargo: a Polícia Federal não gosta do Lula.
O publicitário Marcos Valério acusa Lula de ter sido o líder e avalista do mensalão, tido as despesas pessoais pagas por ele, o publicitário,  e  o PT de financiar a sua defesa no processo 470:  Marcos Valério não gosta do Lula.
Puxa vida! Ninguém gosta do Lula!  como é que pode um cara ser presidente por dois mandatos sem ninguém gostar dele?
Fica tristinho, não,  Lulinha! Sócrates era sábio e foi condenado a beber a cicuta,  Jesus era santo e foi crucificado,   Mahatma Gandhi também foi um santo líder e morreu baleado, Martin Luther King foi um bondoso pastor e líder negro e teve o mesmo fim de Gandhi... É assim mesmo, querido: os heróis e os bondosos demais são sempre incompreendidos.   Mas não dê a ninguém o gostinho de matá-lo:  faça-o você mesmo.  E ainda terá na presidente a sua mais ilustre carpideira.

Barão da Mata

domingo, 9 de dezembro de 2012

NOSSOS COMERCIAIS (II)

Meu bom servo do Senhor, não fique indeciso, aja com juízo: deposite na conta do pastor e abra caminho pro Paraíso.


Inscreva-se já pro Brigue Bode e veja muita bunda, muito peito e outras coisas mais.  Tome logo a decisão!
Ingresse no Brigue Bode e viva cheio de tesão!  Lá é tudo como você gosta: muito fálico e nada encefálico!
É isso aí, meu garanhão! Só no Brigue Bode você trepa como um leão!


Não se esqueça, meu caro eleitor das classes menos favorecidas:  se você precisa viver de ilusão, na hora da eleição, o PT é a opção.  Só o PT tem Lula, Dirceu, Genoíno e mensalão.  Vote no PT e viva muita emoção: veja tudo de arrepiar na televisão!


Não perca, de segunda a sábado, no Jornal da Tevê, as notícias do Brasil mais imundo.


Assista ao "Jornal Multinacional", com Vilhem Bonde e Antipática Filardes, e acompanhe as notícias mais bem maquiadas do mundo.  O dia-a-dia de Vilma Sargentão, os bastidores da nossa "valorosa" política, os fatos com aquele toque de rímel e de blush que faz o poder bonito de dar gosto de ver.

Se você quer chorar pra valer  ou  morrer de raiva e não rir de jeito nenhum, assista aos domingos à "Turma do Titi".


Não fique triste aí no seu canto: role em gargalhadas assistindo, de segunda a terça-feira, "Políticos Brasileiros".  Acabe com o mau-humor, solte suas risadas em ver Dilma Cassete na sua mais engraçada e bizarra tentativa de imitação da diabólica ex-primeira-ministra inglesa Margareth Tatcher.  Não perca: "Políticos Brasileiros", o único real terror engraçado da televisão.  
Por que de segunda a terça? Ué? E você já viu político trabalhar mais  que dois dias?

sábado, 8 de dezembro de 2012

BREVE DEFESA DE RUIZ FALÁCIO PULA MADRESSILVA

Vá confultei um aftrólogo (efes cara que entende de aftrolovia, horófcopo), e ele dife que eu tô vivendo uma fave de inferno aftral, maf que logo pafa.  Primeiro veio o miniftro do Tribunal Grandão e me acuvou de ter pedido pra  vulgar o semanalão depois das eleifão.   Aí eu pedi ao povo pra tomar cuidado, porque, apevar de eu fer melhor que o Gandhi, e fe o Gandhi, fendo o home que era, foi afafinado,  imavine o que fariam com um home ainda mais fanto como eu...  Pois é, eu dife que  ainda eviste quem não gofte de mim e fique favendo fofoca.  Depois veio o advogado do Norberto Vérson e dife que eu era o líder do semanalão. Mais calúnia, viu, meu povo?  Agora vem mais vente mal-intenfionada e fica me ligando a efa mofa que chefiava o gabinete da Nilma...   Aliás, do meu ponto de vifta afo até que efa mofa, a Melrose, é uma pefoa de conduta ilibada.  Mas vá lá que não afem! Tudo bem, mas não me liguem a ela!
Fó indico pefoas da maior integridade e probidade, e além difo eu próprio fou um home de carate firme e de muita honra e integridade moral.  Fe alguém rir eu dou um foco na cara!

2012

VEJA POR QUE OS SENHORES DO CRIME ORGANIZADO NÃO SÃO MARGINAIS


VEJA POR QUE OS SENHORES DO CRIME ORGANIZADO NÃO SÃO MARGINAIS

Acessando o "Dicionário On Line de Sociologia", encontrei as seguintes definições para marginal:

"MARGINALIDADE. Tem diversas acepções. Para Stonequist, é a personalidade marginal: o homem marginal é aquele que, através da migração, educação, casamento ou alguma outra influencia, abandona um grupo social ou cultural sem realizar um ajustamento satisfatório em outro e encontra-se na margem de ambos sem pertencer a nenhum. Segundo os estudos da DESAL, ocorre a marginalidade cultural: estado em que uma categoria (veja CATEGORIAS) social se encontra sob a influência de outra categoria, mas devido a barreiras culturais se acha impedida de participar plena e legitimamente do grupo que a influencia (sociedade moderna e tradicional, maioria e minoria étnica etc.). Lewis considera que a marginalidade é sinónimo de cultura da pobreza: composta por um conjunto de normas, valores, conhecimentos, crenças e tecnologia que é organizado e utilizado por indivíduos de uma sociedade, a fim de permitir a sua adaptação ao meio em que vivem; características principais: ausência de participação efectiva e integração nas principais instituições; grande densidade populacional, condições precárias de habitação e um mínimo de organização; ausência da infância, iniciação precoce no sexo, abandono do lar, famílias centradas na mãe; sentimentos de desespero e de dependência. A CEPAL conceituou marginalidade ecológica: más condições habitacionais aliadas às más condições sanitárias, escassez de serviços urbanos, baixo nível de instrução, precários padrões alimentares, baixa qualificação profissional e instabilidade ocupacional. De acordo com Rosemblüth, existe a marginalidade política: grupos marginais são aqueles grupos de pessoas que tem certas limitações aos seus direitos reais de cidadania e pelas quais não podem participar de forma estável no processo económico, nem têm a possibilidade de alcançar mobilidade vertical ascendente. Finalmente, Quijano considera marginalidade como falta de integração: é um modo não básico de pertencer e de participar na estrutura geral da sociedade. Marginalidade é um problema inerente à estrutura de qualquer sociedade e varia em cada momento histórico."

Fiz a consulta porque há muito venho questionando que os nossos "ilustres" traficantes e membros do crime organizado - quer o tráfico de drogas, de crianças, de mulheres, de animais, de madeiras, de mão-de-obra escrava ou qualquer outro tipo de comércio ilegal ou de crime, como as formações milicianas ou organizações ligadas à venda de assassinatos e  outra atividades facinorosas - sejam marginais conforme a definição de José Jobson de A.Arruda em "História Antiga e Medieval", que assim classificava todas as camadas que se encontrassem fora da economia de mercado, como os desempregados e os que viviam à custa de biscates, os mendigos, os indigentes, etc...
Se você fizer uma análise acurada, irá verificar que os homens que vivem da atuação criminosa que se organiza estão longe, muitíssimo longe de estarem inseridos na definição dada por Arruda a quem esteja à margem da sociedade.  Muito pelo contrário, são homens perfeitamente integrados a esta, antes de tudo porque são pessoas por ela acolhidas até com um certo apreço.  Você acha que é mentira?  Então me responda: nas chamadas comunidades (eufemismo para qualificar as favelas - porque é melhor adotar um termo  suave do que resolver um problema social e urbanístico) e nos seus arredores, quantas pessoas agradam, protegem e até ajudam os traficantes?  Já ouvi muitas alusões a estes feitas por  moradores de cercanias de favelas em tom carregado de simpatia, como já conheci habitante  de morro que me relataram que até frequentavam as festas patrocinadas pelos meliantes, confessando até lhes ter admiração.
Falei na aceitação aos quadrilheiros  sem mencionar que alguns de tais residentes das citadas localidades eram compradores frequentes e contumazes dos produtos ofertados pelos bandidos.  E todo o mundo sabe perfeitamente que não só quem habita nos lugares que mencionei consome drogas: o número de consumidores de crack, cocaína, maconha e outras coisas do gênero é simplesmente fabuloso, incontável, incalculável! E é justamente isto que faz os traficantes totalmente fora da condição de marginais.  Contam com um mercado consumidor vastíssimo!  Seus artigos estão dentro das leis do mercado legal, como a de procura e oferta e todas as outras inerentes ao comércio e à economia.  Dão-se ao luxo de até gerar empregos, sem carteira assinada e dentro da criminalidade, mas empregos e muitos empregos, sim!
Já vi muita gente tida como boa tentando dar aos bandidos uma feição de verdadeiros guerrilheiros avessos ao sistema e ao capitalismo, mas a grande verdade é que a bandidagem sempre foi perfeitamente afinada com o sistema social e econômico cruel que sempre dominou nossas vidas.
Não vejo o que os coloque à margem da sociedade senão as estatísticas oficiais.  Mas que eles fazem parte  do processo econômico, fazem, e isto  é muito triste e degradante.  E a razão disto é o apoio que encontram em inúmeros homens investidos de autoridade oficial que se deixam corromper, na incomensurável demanda de seus artigos  e na preguiça e descaso de uma parcela inestimável dos encarregados da segurança pública, quer no Brasil como mesmo em vários outros países.  Do contrário, nenhuma atividade criminosa sobreviveria, seja aqui no república dos tupiniquins ou em qualquer outra parte do mundo.


Barão da Mata