Barão da Mata - Verdades e Diversidades

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sexta-feira, 6 de abril de 2012

AUTODEFESA DO SENADOR DEMÓSTENES COMO NA ANTIGA GRÉCIA

  Pelo que a grande imprensa diz (ou no mínimo, no mínimo insinua)a gente deduz que a marcante analogia entre o Demóstenes de Atenas e o de Brasília é que o grego tornou-se o maior orador da Antiga Grécia a partir de exercícios em que enchia a boca de pedras de cachoeira para vencer a gagueira e apurar a oratória, enquanto o " paladino da ética brasileira" mostra uma estreita ligação com o Carlinhos Cachoeira, ou seja: ambos têm em comum o fato de obterem, cada um a seu modo, alguma vantagem de algum tipo de cachoeira, seja cachoeira um manancial ou um homem com um sobrenome de acidente geográfico.  Quando falamos cachoeira, aliás, é preciso lembrar que ambos são mananciais importantes, um de água e outro de dinheiro.
Imagine o nosso defensor da integridade moral fazendo a própria defesa no parlamento, nos moldes da Grécia Antiga:
- Nobres compatriotas, amadas concidadãos!... Se a mim acusais de corrupção pelo simples fato  ser eu afeito a cachoeira e de obter o que há de melhor de cachoeira, a vós indago, ó nobres irmãos e arrimos desta pátria: o que há de mau nisto? 
É bem verdade que, pela tentativa de induzir os julgadores a erro,  deste modo estaria mais para Sófocles, fundador da escola dos sofistas, do que para Demóstenes.  Mas já que divagamos, poderíamos ir à maiêutica de Sócrates, condenado a beber a cicuta sob a acusação de pregar contra os deuses oficiais e corromper a juventude.  Livrar-se-ia da pena caso admitisse a culpa e pedisse perdão, preferiu porém argumentar que não impugnara os deuses e ao mesmo tempo aclareara as idéias dos jovens sobre inúmeros assuntos, que portanto, para que fosse feita justiça, deveria receber do erário uma pensão vitalícia pelos serviços prestados ao Estado.  Diante da inflexibilidade do tribunal, optou por receber a pena capital.  Tido pelos historiadores da antiguidade como o mais sábio dos homens, sua escola (maiêutica) consistia em confundir os interlocutores, que sempre ficavam sem meios de refutar as suas argumentações.
No caso do senador brasileiro, como ele faria a autodefesa aplicando as lições de Sócrates?
- Ilustres julgadores, não tendes vós conhecimento do que é uma cachoeira?  Não usufruístes jamais o que uma cachoeira vos pode  proporcionar?  Respondei, nobres homens de minha pátria, o quão aprazível e deleitante é receber tudo de bom que uma cachoeira nos pode oferecer.  Cachoeira, fonte de vida, esplendor, benesses, que nos refresca e faz felizes... assim sendo, nobres concidadãos(!), dizei-me de uma vez por todas! Quem de vós sabe me dizer as diferenças básicas entre uma cachoeira, uma cascata e uma catarata?! E de que catarata vos falo?! Oftálmica ou geográfica?!  Teriam cura ambas as cataratas?  Se não me sabeis responder com clara precisão, então me dizeis: que mal, então, senhores, há numa cachoeira?
"Por haver esclarecido esta sociedade sobre a importância e magníficência das cachoeiras, proponho que designeis a mim uma pensão vitalícia pelos inegavelmente relevantes serviços prestados a este país.  Caso, entretanto, Vossas Excelências não concordeis com minha proposta, preferirei a condenação a beber não a cicuta, mas um copo dessas infames e mortais cervejas baixa-renda que fabricam por aqui.
Deixando de lado o humor, a grande verdade é que os políticos daqui são de um caradurismo acintoso e não têm o menor respeito pela sociedade que lhes dá aqueles empregos sem similares.

2011


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