Barão da Mata - Verdades e Diversidades

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sábado, 31 de março de 2012

BRASILIDADE PELA METADE

Não me move nem comove todo esse interesse, esse afã desmesurado pela Copa do Mundo, toda essa torcida pejada de paixão pela seleção brasileira, quando em momentos como o tempo das privatizações e entrega do patrimônio nacional (por exemplo a Vale), os fervorosos torcedores ficaram alheios e indiferentes às reais derrotas que o Brasil verdadeira e definitivamente ali sofreu.  Que brasilidade é essa?

2012

quinta-feira, 29 de março de 2012

QUE PAÍS É ESTE?!

Queria que você me explicasse uma coisa: por que, quando uma mãe leva um homem à Justiça afirmando ser ele o pai  do  filho que ela tem, e o réu se nega a fazer o exame de DNA, a Justiça decreta a paternidade e o assunto está encerrado, enquanto um pústula embriagado ao volante se recusa a soprar o bafômetro ou fazer exame de sangue não pode ter sua embriaguez decretada e pagar pelo seu crime?  Não estou defendendo pais que não assumem filhos, mas não entendendo por que num caso pode ser feito e no outro, não.
A decisão do STJ é lamentável, e mais do que nunca entendo a bizarrice que o Renato Russo via (e eu também sempre vi) no Brasil ao perguntar que país é este.  Não só repito a pergunta do cantor-compositor, mas também a minha em texto anterior: você já cometeu seu crimezinho hoje?

2012

quarta-feira, 28 de março de 2012

"A ÉTICA DO MERCADO" - MAS COMO AQUI TEM ÉTICA!

Muito gozada aquela declaração da funcionária da prestadora de serviços que caiu na pegadinha da Globo e declarou ao jornalista (pensando lidar com um gestor ou comprador público) que dar  ou receber  propina era " a ética do mercado".    Longe de mim querer execrá-la, porque esta não é proprietária, mas empregada de uma entidade privada cujos dirigentes apontar-lhe-iam cordialmente a  porta de saída caso a mulher se recusasse a oferecer ganhos ilícitos a servidores para a contratação da firma.  Estou no entanto perfeitamente ciente da possibilidade de ela gostar de fazer aquele papel, como sei que muitos na sua condição gostam de fazer aquele joguinho de leva-algum-e-compra.  "É a ética do mercado", como foi dito. Não é mentira, todos sabem muito bem disto.  Tudo é fruto da impunidade.  Todos sabem que onde não há punição existe um oba-oba generalizado.
O vício da propina é antigo.  Quando eu tinha vinte e um anos, em 1979, empreguei-me como pretenso vendedor (digo pretenso porque não vendia nada e tive carreira curta)  de uma fábrica de brindes e, após fechar verbalmente um pedido com um comprador de uma empresa, quando fui oficializar a venda através da assinatura do pedido, o sujeito me perguntou:
- Mas e a minha comissão?
- Comissão? - respondi indagando, inocente e inexperiente.
- Pois é, minha comissão, como fica?
Lá os pretensos fornecedores não tinham oferecido nada, e não é preciso dizer que não aconteceu venda nenhuma, tendo eu deixado de fechar o que seria o meu segundo pedido em mais ou menos três meses. 
Mas já tinha conhecimento, por comentários de outros vendedores, que alguns (não todos, mas alguns) entre os compradores recebiam "uma bolinha" (gostou da expressão?) costumeiramente.
Então, se aquele tipo de coisa acontecia em 1979, e eu nunca presenciei nem soube de uma punição por conta de tal praxe, imagine como o negócio funciona hoje.   Vou repetir o que os outros falam: "É assim mesmo, quem não é esperto não se dá bem."  É a "ética do mercado", não é?
Aqui no Brasil há muitas éticas, cada uma em seu setor.  Tem a ética do malandro, que não dá golpe em otário de outro malandro, a ética do traficante, que não vende drogas em território de outro traficante.  A ética do político corrupto, que não denuncia o colega igual (mas - risos - nem sempre é cumprida).  A do policial pilantra, que não entrega o parceiro, e vai por aí adiante.  São vícios, tudo é decorrente da impunidade. 
As leis versam contra propinas, mas criar ou aprovar leis sem mecanismos de fiscalização é uma grande hipocrisia, e o hábito da propina sai tão caro para a sociedade brasileira, que não sobra nada para investimentos em bens sociais.  Imagine se tudo o que se consome quanto a compras e contratações públicas custar dez por cento a mais: este percentual  dos impostos pagos vai para o bolso de vigaristas.  Significa que sua vida é dez por cento mais cara por causa deles.  Agora, se levarmos em conta os outros desvios praticados por gestores públicos desonestos e políticos ímprobos, ocorre a evasão de uma percentagem que a gente sequer consegue imaginar. 
Ou seja, o erário é lesado, o patrimônio público é subtraído, e nós, cidadãos (ou pretensos cidadãos) pagamos uma conta do que não nos retorna em bens, benefícios e serviços.  Só a ética dessa gente é o que é preservado. Ou melhor, as diversas éticas professadas por grupos iguais, semelhantes ou distintos, sejam eles malandros ou bandidos com cargo oficial, carteira assinada ou alojados na clandestinidade.

2012


DE UM DEMÓSTENES SOBRE OUTRO (OU OUTROS) DEMÓSTENES - OU JÁ NÃO FAZEM MAIS DEMÓSTENES COMO ANTIGAMENTE

Não sei se você sabia, mas assim como o famoso senador, também me chamo Demóstenes (não sou Barão nem da Mata).  E Demóstenes, traduzido do grego para o português, quer dizer força do povo.  É o nome que todo político gostaria de ter e com o qual o nosso ilustre parlamentar foi agraciado.
O Demóstenes da Grécia (384 a 322 A.C.) recebia  o epíteto de " O Leão de Atenas" e, segundo alguns registros históricos, fazia jus à alcunha, pois foi autor de discursos famosos e tentou a todo custo libertar o povo grego do jugo da Macedônia e, uma vez derrotado, preferiu matar-se por envenenamento a se entregar aos dominadores.
Já o nosso senador até que tentou bastante marcar o próprio nome na história brasileira, através de inúmeras bandeiras da moralidade que empunhou.  Defendeu a ética, a dignidade, a integridade,  a probidade administrativa, e apareceu tanto no cenário nacional com seu discurso de bom-moço e de defensor da honorabilidade, que, incrédulo,  fiquei imaginando: "Vão acabar dando a ele um título parecido com o do xará (não faltaria jornalista baba-ovo nem político cínico para isto), quem sabe 'O Leão de Brasília', 'O Leão de Anápolis' ou 'O Leão da Paraíba' (cada um é leão de onde bem pode)..."
Mas o grande fato é que o nosso leãozinho contemporâneo se atrapalhou todo, dizem que se meteu com bicheiro, enfiou-se em falcatruas, fez e aconteceu, perdeu inteiramente a credibilidade, foi abandonado pelos correligionários, teve de deixar a liderança do DEM (cruz credo! Bate na boca!) no Senado, está sendo enquadrado pelos políticos de outros partidos e, ao que parece, como tudo isto não determina o fim da carreira política de ninguém (pelo menos aqui no Brasil), vai continuar se elegendo e aparecendo no noticiário político nacional, mas já não mais como baluarte da moralidade.  Mas política aqui na nossa terra é assim mesmo.  Já nos acostumamos - os outros primeiro, eu, muito a contragosto, depois: a onda acabou me levando, e eu desisti de reclamar.
Por fim, sendo eu xará obscuro  e sem projeção do Demóstenes histórico, o outro xará, famoso mas do jeito como você está vendo na mídia, só posso chegar à triste conclusão de que não fazem mais Demóstenes como antigamente.

2012