Barão da Mata - Verdades e Diversidades

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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

ALGUNS PEDINTES OU VENDEDORES DE ÔNIBUS

É com certo acanhamento que confesso  que não sei dirigir.  Isto se dá porque na juventude eu ficava com os ouvidos e o saco cheios de ouvir falar em carrões, velocidade, modelo isto e modelo aquilo, rebaixamento, roda de magnésio, farol de milha e vai por aí adiante.  Sempre me recusei a ser um estereótipo, porque logicamente sempre odiei a estereotipia.  Por isto me enchi de um desinteresse incomum por essas coisas ligadas a automóveis.  Hoje entretanto me arrependo de não haver-me interessado mais por carros e não aprendido a conduzi-los, tanto por causa dos cansaços naturais da idade como pela comodidade e praticidade de ter carro próprio.  Mas o trânsito violento, perverso e negligente  das vias brasileiras me desencoraja de tentar habilitar-me a dirigir.
E assim sou obrigado a fazer uso dos frescões (quando há linha para o meu eventual destino),  com pouca frequência os táxis (logicamente pelo preço das corridas) e, quando não há outra alternativa, os ônibus de roleta, daqueles sem ar-condicionado e que humilham os passageiros pelo pouco espaço entre bancos e outros dsesconfortos.  E acontece que é justamente nesses ônibus que se dá um fato interessante.
 Entram alguns vendedores ou pedintes nos tais coletivos que adotam uma postura um tanto quanto coercitiva para obter sucesso no seu empreendimento.
- Eu poderia estar aqui assaltando, mas estou pedindo (ou vendendo). - costumam dizer numa quase ameaça.
Ora! Então, ou você dá uma esmola ao sujeito, ou ele então passa a arrebatar o dinheiro das mãos dos passageiros?!  Não é um abuso?!  Com todo o respeito pela situação de carência por que passam estas pessoas, não posso deixar de ficar indignado, e até ouso imaginar se um deles entrasse numa condução com a testosterona brotando à flor da pele e há dias sem ter uma relação sexual:
- Bom dia, senhores passageiros (ou boa tarde, ou boa noite)!  Desculpe-me atrapalhar o sossego da viagem de vocês, porque eu não queria incomodar... mas o fato é que eu estou há muito tempo sem fazer sexo e  queria saber se alguma das senhoras ou senhoritas poderia fazer o favor de saciar a minha vontade.  Quero que saibam que trago comigo uma "camisinha" e posso transar aqui dentro mesmo.  
"Não importa a idade e se é feia ou bonita, porque eu tô muito necessitado e sei que não posso ficar escolhendo.  Por favor, quem puder me ajudar, se apresente.  Saibam as respeitáveis senhoras que eu poderia estar estuprando, mas estou aqui humildemente pedindo."
Deixando de lado as piadas, é ou não é um abuso?

2012

domingo, 5 de fevereiro de 2012

QUESTIONAR DEUS (OU DEUSES) É PROFANO?

Segundo o filósofo grego Xenófanes (570-475 a.C.),  cuja biografia,  confesso,  acabei de conhecer agora e de forma bem superficial através dos sites da Internet... Segundo este personagem da Filosofia, não são os deuses que criam os homens à sua imagem e semelhança,  mas ocorre exatamente o inverso.  Não poderia eu em nenhuma análise deixar de comungar com as idéias daquele homem, porque ao longo da sua existência a humanidade vem imprimindo sua forma física e suas características morais e psíquicas aos deuses que criam, atibuindo-lhes os sentimentos e valores que adquirem e alimentam ao longo da vida.
Você deduziria que este meu texto é um discurso absolutamente ateu, e eu diria que a rigor é ateu, sim.  Mas ateu unicamente quanto à figura específica de Deus, como também em relação aos inúmeros deuses inventados pelos politeístas, politeístas entre os quais enquadro os católicos... Os católicos, sim!  Sim, porque o que são os santos senão deuses menores em relação ao deus supremo?  Há santo dos olhos, das dívidas, da justiça, etc, enquanto os romanos tinham os deuses-lares, os da orgia, da guerra, com a maioria adotada da Grécia com nomes modificados.
Sem querer me ater à doutrina católica (ou a refutá-la), é mister que eu elucide que a minha dissertação, se  coloca-se contra os chamados deuses, não nega (como infelizmente não afirma nem pode afirmar) a existência de coisas entre o céu e a terra além do sonhado pela Filosofia.   Porque ser ateu não é necessariamente ser materialista.  É possível acreditar numa vida espiritual sem se admitir a existência de um deus onisciente e onipresente, julgador infalível e voltado permanentemente para as questões que afligem os homens.  Esta crença (do deus único e que tudo pode) é extremamente simplista, como é profundamente simplista dizer que não exite nada e ponto final (!), sem uma análise mais detida e acurada.  Por que inventar um todo-poderoso é fruto da preguiça e inércia das pessoas, que preferem criar um pai que lhes dê o que anseiam a arregaçar as mangas e lutar por seus objetivos, pela justiça atrelada ao seu senso do que é justo.  Ou seja, melhor o pai fazer tudo do que o filho mobilizar-se por aquilo de que precisa e a que aspira.  Da mesma maneira as criaturas agem em relação aos políticos: não elegem presidentes ou apoiam reis ou sei lá o quê para resolverem todos os problemas de que precisam elas se livrar? Acham que é só botar um cara lá no centro do poder para ele lhes dar a justiça social e todos os benefícios de que carecem. 
Voltando porém à questão metafísica, poder-se-ia perfeitamente imaginar um mundo espiritual sem lutas entre o bem e o mal, mas com uma coexistência quase sempre pacífica entre ambas as correntes, que seriam, cada qual por seu turno, predominantemente uma coisa ou outra, mas nunca boa ou ruim unicamente.  Se entre os espíritos poderia haver os que nos protegessem ou tentassem nos proteger, ou ainda nos pudessem ou tentassem prejudicar, a questão ficaria difícil de ser respondida, porque  envolveria avaliar o nível de poder dos espíritos.  A vida espiritual poderia ser muito parecida com esta daqui da Terra, com percalços e mazelas, alegrias, dificuldades e tristezas, os espíritos sendo nós próprios(não deuses) em outro lugar, sem que ninguém estivesse a se aperfeiçoar a cada dia, em rumo a uma elevação a um plano astral pleno de benesses e de espíritos de elevada bondade e moral.  Os que professam tal paraíso não estariam demasiadamente envolvidos pelas histórias fictícias com finais felizes  lidas, ouvidas e assistidas desde a mais remota infância?
Agora suponho: e se a vida espiritual for uma decorrência da vida material, ou seja, se não houver espírito pré-existente para animar a matéria e, ao contrário disto, o espírito for somente um resquício do ser que morre?
E, para quase terminar, pergunto: e se não houver nada? Nada, absolutamente nada!  Nada além do que as mãos tocam e os olhos veem, as narinas cheiram, os ouvidos escutam e a língua degusta?  E se não houver mais nada?  Nada, nada e nada mesmo?  Como ficamos?  
Então, para finalizar, gostaria de que me respondessem se em minhas proposições fui profano, ofensivo ao sagrado (sobretudo se minha concepção de sagrado for absolutamente diversa da sua), sórdido, arrogante, irreverente?  Por que levantar tais hipóteses faz a gente angariar a antipatia e o ódio de meio mundo?  Se vocês, como crédulos e tementes a Deus, me execram, é porque são iguaizinhos aos romanos que perseguiam e martirizavam os cristãos, tendo em comum com eles a intolerância ao questionamento da ordem religiosa estabelecida.

2012