Barão da Mata - Verdades e Diversidades

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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

E TOME ESPORTE E CIGANO!

Quando, no dia da vitória do Júnior Cigano,  acordei de um cochilo sobressaltado com os gritos do Galvão Bueno, inicialmente imaginei que o pobre estava tendo uma crise renal ou de pancreatite (já tive pancreatite uma vez - ou mais - : dói demais ).  Um pouco mais desperto, poucos segundos depois, fiquei achando que o locutor estava  tendo um orgasmo.  Um orgasmo masculino, que coisa mais bizarra! - pensei.  Só quando passados mais alguns segundos me dei conta de que se tratava da vitória do Júnior Cigano, que sagrava-se campeão mundial de MMA e, o que era mais sério, eu estava na contramão do Brasil inteiro.
Em momentos como aquele me sinto exatamente como um peixe fora d'água, um estranho no ninho, um negro africano na Islândia ou  um branco islandês em plena África.  Eu gostaria de saber que atrativo  há  em se obter um campeonato numa modalidade esportiva em que um esmurra os cornos do outro até quase matar.  Não evoluímos nada em realação àqueles romanos pré-cristãos que se compraziam da visão de um homem retalhando o outro e enchendo a arena de sangue, ou ainda de um crânio esmigalhado ou um leão dilacerando um escravo - depois um cristão.  E olhe que há quem ache que eles, ainda naquele tempo e com aquela moral precária  e sem senso de bondade, poderiam ser considerados ignaros e estúpidos.  O que então somos, entre outros povos com os mesmos entusiasmos, nós, brasilreiros, em pleno século XXI, quando já se conhecem as idéias humanitárias preconizadas já por Isaías  e levadas adiante por Jesus e os seus seguidores contemporâneos e posteriores?
Como não bastasse, para piorar, o prazer mórbido que têm as pessoas em relação à dor e ao sangue, o que mais me aborrece é haver de conviver com o Cigano durante as vinte e quatro horas do dia.  Eu ligo a televisão e alguém fala do Cigano, ou então vejo a cara do Cigano e o ouço dando entrevista.  O lutador está sob o efeito Neimar, que se tornou constantemente onipresente quando o Santos abocanhou o título mundial com a participação imprescindível do jogador.  Ou seja, se era o Neimar, agora é o Júnior Cigano.  Eu vejo o Cigano quando leio o jornal, quando olho um "outdoor", quando ligo a telvisão, quando entro na internet; eu durmo com o Cigano, acordo com o Cigano, tomo banho com o Cigano, escovo os dentes com o Cigano e, ao dormir, sonho inevitavelmente com o Cigano, porque só, tão só e unicamente é o Cigano o que há no mundo.  Sem o Cigano, não há mundo, pensamento, paz, alegria, felicidade, festa, prazer em viver, sentido para a vida.  É um verdadeiro chá de Cigano, uma overdose de Cigano.  Assim é demais! Como se não bastasse a dose cavalar de futebol que eu tenho de suportar, agora é também o MMA.  E não adianta desligar televisão e rádio, fechar as revistas e jornais e os próprios olhos,  porque há sempre nos arredores aquelas criaturas sub-humanas que ficam a espalhar os estrondos dos seus fogos por nossos ouvidos e dando vazão aos seus instintos incendiários e destrutivos.
Por fim, eu diria que não há nenhum motivo para o Brasil ficar sorrindo de orelha a orelha, porque, com os índices de desemprego e de miséria que tenta em vão varrer para debaixo do tapete, com a dança ousada ostentada pela corrupção, os números quase africanos de desemprego e miséria que apresenta, não há conquista esportiva que possa fazer qualquer país feliz.

2011

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