Um dia desses, numa palestra sobre meio ambiente, ministrada no bairro de São Cristóvão por um ecologista sinoamericano que tinha como assistente um biólogo japonês de uma indústria pesqueira, foi-nos ensinado pelo sinoamericano a maneira como as indústrias devem tratar a atmosfera, e o biólogo japonês fez uma longa dissertação sobre a vida nos mares e a importância das baleias, além de orientar sobre como os que vivem de pesca devem-se portar em relação ao mamífero. Tudo foi muito proveitoso, saí de lá impressionado com os dois, e tudo teria transcorrido na maior tranquilidade se não fosse um outro ouvinte como eu, mas desses inconveniente,s que não perdem a oportunidade de fazer uma piada.
O fato foi o seguinte: num dado momento, após os expositores nos dizerem que lixo tóxico é aquele que vem impregnado de uma ou mais substâncias venenosas, enquanto o lixo biológico ou contaminado é, por seu turno, o acompanhado de inúmeros micro-organismos, e que o que ambos os lixos têm em comum é que, além de imprestáveis, são nocivos e causam inúmeros prejuízos e mazelas às pessoas. Após esta elucidação, os palestrantes nos pediram um exemplo de um compartimento cheio de lixo nocivo. Foi quando o tal sujeitinho abriu um riso cínico e respondeu em voz bem sonora:
- Um prédio lotado de políticos!
Você não sabe, meu amigo! Fiquei tão indignado, que me levantei e dirigi a ele com veemência:
- Se algum político é como o senhor diz, não pode absolutamente ser daqui do Brasil! Por favor, respeite os nossos políticos, primeiramente porque eles têm a virtude de... a virtude de... a virtude de... Bem! Deixa pra lá! Mas não podemos negar que graças a eles, os nossos políticos, que nós conquistamos... conquistamos... conquistamos... Tá bom, isto não vem ao caso! Mas o que importa é que estes merecem o nosso maior respeito porque... porque... porque...
O sujeito passou a rir mais ainda, só que desta vez ria debochadamente de mim, que preferi me sentar e calar e assim permanecer até o fim da palestra.
Já na rua, sozinho, senti-me arrependido, achando que devia ter dado uns sopapos naquele calhordinha cínico e insolente... É, eu devia ter batido nele... batido nele... eu devia ter batido, não devia?
2011
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