Barão da Mata - Verdades e Diversidades

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sábado, 29 de outubro de 2011

ABAIXO A CRUELDADE E A CORRUPÇÃO

Eu tenho dito,  desde quando comecei a escrever, que o homem é, por instinto e por ser dotado de uma inteligência que sabe de tal instinto e não quer controlá-lo, a pior espécie que já pisou na face da Terra.  Mas não o digo por força de expressão, não: eu acho isto mesmo.  E não sou, como o mundo inteiro sabe, o primeiro a fazer tal observação, que é uma conclusão a que se chega a partir do nosso convívio com os da nossa espécie, das notícias que lemos nos jornais, das informações que colhemos nos documentos históricos, do que nos chega através da mídia, que são elementos que fazem irrefutável a minha colocação.
É preciso, no entanto, que não confundamos o reconhecimento de toda a maldade dos nossos semelhantes   com a aceitação  do fato de estes agirem como vêm agindo desde o dia em que o mundo se fez mundo.  A história da humanidade é feita de barbáries, ardis e torpezas, mas esta dedução não obriga as pessoas de bem a ficarem engolindo a barbárie, a torpeza e os ardis.
Se há no mundo uma quantidade considerável de pessoas de bem, não podem estas ficar aceitando impassivelmente as sujeiras e crueldades daqueles que insistem em praticá-las.  Em outras palavras, todos sabemos que os homens têm um instinto cruel - alguns em menor e outros em maior proporção,  uns de crueldade máxima e uns de crueldade quase inexistente, que podemos chamar de pessoas boas -, mas a constatação não dá a ninguém o direito de ficar por aí a soltar a sua má índole.  As pessoas que têm bondade ou acham que a bondade deve ser praticada precisam combater os atos dos ruins.  Ou seja, este meu discurso é uma profissão de combate à impunidade.
É preciso que exijamos das autoridades que cumpram o seu papel, que é o de coibir a perversidade,  o crime, a bandidagem, os que fazem sofrer os humanos e os animais, os crápulas que se colocam atrás de um volante e praticam direção perigosa num desrespeito revoltante à vida e integridade física de outras criaturas.  É preciso também que coloquemos, através do voto  e de pressões populares, no poder aqueles que são afinados com o, por assim dizer, humanismo, e tirar, pelos mesmos meios, os que aos princípios positivos são avessos.   Temos de cobrar dos gestores e políticos um controle maior sobre os indivíduos ou grupos que vivem a colocar em prática a maldade que trazem dentro de si.  Temos de colocá-los nas cadeias, perpetuamente se necessário, mas não lhes podemos dar liberdade para pratricarem atos hediondos.  O Brasil precisa adotar a prisão perpétua - mude-se a Constituição, faça-se o diabo, mas não se permita que os malévolo fiquem por aí a desfilar a sua farta coleção de atrocidades.   E os corruptos têm de ser combatidos  com o mesmo  empenho que se deve efetivar para o caso dos perversos, porque a corrupção é tão perversa quanto a má distribuição de renda, porque também gera miséria e o roubo de direitos essenciais dos não-abastados.
Não aceitemos jamais um mal estado de coisas por ser uma ferida já nascida nos primóridos da humanidade.

2011

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

FAÇAM SUAS APOSTAS / CLASSIFICADOS

Até o final do governo, quantos ministros ainda irão cair?


30?

60?

120?

240?

Outra quantidade? Qual?



OFERTA DE EMPREGO: Precisa-se de especialista em recursos humanos para escolher ministros sem telhado de vidro.

Enviar currículo para telhadoforte@saiajusta.com.br



2011

DECLARAÇÃO DA SEMANA

"Deixo o poder para defender a minha honra, tão caluniosamente atacada por gente torpe sem outro objetivo que denegrir a minha imagem e criar instabilidade política." Francisco Alves.


2011

OS PARVOS E O LADO BOM DAS COISAS

Em 2009 eu namorava uma cidadã que certa vez me disse pelo telefone:


- Quando me bate o tédio eu vou à Casa França-Brasil, ao Centro Cultural Banco do Brasil... Agora, quando viajo, vou a Porto de Galinhas, às praias de Salvador, de Recife... Ah! como o Rio é maravilhoso! Como o Brasil é maravilhoso!

Não retruquei, mas fiquei a partir dali a considerar o que dissera aquela senhora. Concordei plenamente com o fato de ela nutrir sentimentos pelo Rio e pelo Brasil. Também eu, nascido e criado no Rio, morando hoje em Niterói mas com toda a minha vida(médicos, cartórios, sede do trabalho, etc...) centrada no Rio, tenho logicamente afeto à cidade como ao próprio país. Mas sou do tipo que ama sem deixar de reconhecer os defeitos. E achei "maravilhoso" uma expressão um tanto quanto exagerada para quem tem algum senso crítico. Então fiquei tentando imaginar que lugares da cidade aquela ex frequentava. Ficou claro que em matéria de turismo ia a balneários paradisíacos, e isto me fez entender a expressão...Mas, cá pra nós, ir a Pernambuco ou Salvador e não ver qualquer mazela só se justificaria para quem viajasse sedado. E mais: se a gente não vê os miasmas fisicamente, ao menos fica sabendo deles pelos jornais (ou pela TV ou rádio). Agora, quanto ao Rio especificamente, sendo a mulher moradora da Lapa, como não vira ainda nenhuma cena de miséria ou de delinquência? Não devd jamais ter olhado para debaixo dos arcos. Vê então como a expressão "maravilhoso" seria forte demais para os objetos do elogio?

Há vezes em que conto o episódio e algumas pessoas vêm replicar em dizer que nunca vejo o lado bom das coisas. Vejo, sim, mas não posso abandonar meu senso crítico, que é o que me dá armas para enfrentar a realidade e até aceitá-la como é (às vezes), sem decepções e quedas das nuvens.

O Rio é, inegavelmente, uma cidade muito bela, cheia de alegria, com praias e logradouros de uma lindeza de embevecer qualquer criatura. Reconheço isto, mas não posso esquecer que tem um índice de violência insuportável, um trânsito de periculosidade de altíssimo grau, uma falta de manutenção e de limpeza urbana revoltantes, além de uma predominância de miséria impressionante. E o mesmo vale para o Brasil, que é um dos campeões mundiais de concentração de renda, derramando flagelos pelo ladrão, tentando debalde varrer tanta fome e tanta desmedida pobreza para debaixo do tapete (com esses assistencialismos baratos que só servem para sustentar governos demagógicos, mas que na verdade não produzem nada no campo social), com estradas em estado deplorável, com seca, desmatamento e matança por todo canto, com rios imensuráveis apodrecidos e mortos por dejetos químicos e esgotos (vide o Tietê, não é?), roubo e corrupção pra tudo que é lado, o que faz da classe política, por causadora, talvez o pior dos flagelos. Preciso enumerar algo mais?

Ora, como ver o lado bom das coisas?! Que idiotice! Mas, se você quiser, eu relaciono o que há de positivo no quadro que lhe retratro.

Lá vai! Os políticos e corruptos ficam a cada dia mais ricos, porque a impunidade é certa e é santa, não é preciso trabalhar nem ser sério para governar (moleza, não?); os papa-defuntos não têm dificuldades financeiras; os empreiteiros geram empregos, porque todo dia uma obra é começada e paralisada, para se começar uma outra que não vai até o fim; cada idoso que morre na fila dos hospitais públicos é menos uma pensão para o governo pagar e isto reduz os gastos públicos; cada vala negra serve de palco eleitoreiro para salafrários de muitos apadrinhados ( e vai campanha e churrasco e pagode com cerveja em copo plástico!); o tráfico a cada dia arrebanha mais "soldados", o que gera "empregos" informais (você não acha bom?); a cada dia mais o povo se volta para a religiosidade, encontrando Deus porque não tem assistência (não assistencialismo) do Estado nem emprego - e viver de esperanças e ilusões é tudo para quem não tem nada... Então?! Você quer que eu diga mais algo que comprove que não deixo de observar o lado bom das coisas? Pois é, meu amigo, tudo tem o seu lado bom - só resta saber para quem.



2011

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A DOMÉSTICA E A FAXINA

Um dia desses tive um pequeno aborrecimento que me deixou ainda mais incrédulo em relação às pessoas.  Contratei para fazer a manutenção de  minha casa  uma mulher gorda de voz e jeito austero, mas o mais curioso é que a doméstica tinha nas mãos umas compressas quentes que passava sempre sobre as sujeiras, mas removê-las que era  bom, nada! Até removia alguma coisa, mas apenas a sujeira superificial, a que ficava bem em cima e se via muito nitidamente, mas a sujeira  profunda permanecia  intocada.
- Minha senhora - ainda tentei ponderar -, olhe bem,  a senhora desde quando começou só fica passando esses panos quentes e removendo quase nada da sujeira...
Mas ela replicou de imediato, quase me interrompendo:
- Olha aqui! Eu estou aqui pra dar uma disfarçadinha! Não pra fazer uma limpeza pesada. Aquela coisa assim severa, não!
- Mas a senhora falou em faxina. - insisti.
Ela me olhou com o seu olhar grave:
- Olha aqui, você tá pensando o quê?  Você não vê que não consigo faxinar? Faria movimentos em falso.  Acabaria perdendo o apoio.
- Minha senhora - insisti -,  se a senhora falou faxina, tem de ser faxina!
- Às vezes - defendia-se ela - a gente solta assim uma palavra ao léu, e as pessoas vão logo grafando, grifando, marcando a ferro e fogo.
- Olhe, a senhora em matéria de limpeza se parece muito com o seu antecessor, seu Luiz, que também não limpava nada e, quando foi embora, me indicou os seus serviços.
A mulher tinha um tom arrogante:
- E por que você me escolheu?
- Ué?! Se não fosse a senhora, eu ia ter que ficar com aquele cara que tem mania de serrar tudo, aquele com cara de tucano...
A senhora se ergueu, colocou as costas das mãos na cintura e sentenciou, autoritária:
- Você quer fazer o favor de me deixar trabalhar sossegada?
Saí sem dar resposta e fui mexer no meu aparelho de som.  Tocava um CD que a faxineira trouxera, donde se ouvia um samba-canção na voz  de um cantor antigo, muito antigo.  Uma breve  pane no eletrônico me fez perguntar:
- Por medida de segurança, a senhora acharia conveniente trocar o CD?
Ela respondeu de pronto,  autoritária como sempre:
- Não! Deixa ficar o  Orlando Silva!

2011

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O NOVO SEMPRE VEM... MAS NEM SEMPRE É O MELHOR

Há pessoas que têm uma  idéia preconcebida de que tudo o que é novo  é melhor  do que aquilo que o antecede.  E ficam por aí propalando que fulano, por ser mais recente, é melhor do que beltrano, e tal gênero artístico, por ser uma novidade, supera largamente gêneros anteriores.   Isto é, sem nenhuma dúvida, de uma burrice sem tamanho.  
Posso até concordar que em matéria de tecnologia este tipo de pensamento espelhe quase que sempre (ou sempre mesmo) a verdade, porque a gente evoluiu da radioscopia para a ultrassonografia, a tomografia, a ressonância, etc... e do gramofone prá vitrola, da vitrola pro três-em-um, do três-em-um pro CD (que é magnificamente bom), e do videocasste pro DVD, que é perfeito, e vai tecnologia por aí adiante.
Dentro das artes, no entanto, a coisa não é bem assim. No caso da poesia, por exemplo, sou de uma geração nascida dentro do modernismo, o modernismo com os seus versos brancos e livres,  mas não por isto (ou por qualquer outro motivo) superior ao parnasianismo.  O romance realista é mais dinâmico e mais despojado do que o romântico, mas não necessariamente de maior quilate. Não há uma relação de inferioridade ou superioridade entre um movimento e outro, mas uma praticidade maior em se trabalhar dentro do estilo atual, onde se pode ser mais direto e objetivo - só isto!   Na música também há ritmos que soam melhor aos meus ouvidos, com instrumentais mais adequados aos consumidos na minha época, mas não há uma sobrepujança do samba-canção do Tom em relação ao samba-canção do Noel, ou uma superioridade de um outro qualquer ritmo quanto a outro.
Esse negócio de dizer que o novo é sempre melhor do que o antigo é muito perigoso.   O neoliberalismo, que é um sistema indubitavelmente fomentador de miséria, traz consigo o prefixo neo, que é aparentemente positivo, mas na prática se mostra um grande devastador de sociedades e camadas sociais que não as privilegiadas, concentrando renda e disseminando fome.  Em 1989 Collor era o novo e a sua eleição deu em PC Farias, a turma da Casa da Dinda, a república das Alagoas e outras coisas mais.  Foi bom? Era o que tinha de melhor? 
Onde o novo é o melhor, se pouco ou quase nada há de mais novo do que esse "funk" que os caras ficam por aí ouvindo como a uma música digna do nome.  Existe ali riqueza instrumental, poesia, recursos vocais, melodia bem elaborada, algo que mereça ser ouvido?  Pois é! No entanto é o novo, não é?  E quanto ao cinema? "O Poderoso Chefão" deixou de ser uma obra-prima só porque é antigo? 
Vamos parar com essa besteira!  Eu tenho mais de cinquenta anos e não tô aqui pra ficar renegando tudo o que é novo.  Mas é preciso refletir antes de avaliar, não sair repetindo o que esse ou aquele cara dizem.  É lógico que no campo das artes, das ciências, da política e em outros inúmeros setores o novo é em incalculáveis vezes o que há de maior  qualidade, mas há também incontáveis situações em que  não consegue suplantar nem de longe o que o antecede.   O melhor é sempre o melhor, e isto não está intrinsecamente ligado ao fato de ser novo ou ser antigo.
É bom que parem com isso.  Antes de opinar é preciso pensar.

2011

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

QUE PODER, GENTE!

Essa coisa de metafísica é muito interessante, não é?  Eu, que em relação a essas coisas tenho um pé lá, outro cá,  passando as vinte e quatro horas dos dias entre a crença, a dúvida e a descrença, fico às vezes assombrado com alguns relatos que pessoas bem próximas já  me fizeram, coisas vivenciadas por elas, pessoas  que me dão pouca margem a pensar que tenham mentido.   Mas nunca consegui me encontrar neste campo da  vida, tendo uma inclinação muito mais forte para a incredulidade - infelizmente.
Agora, isto acontece porque não frequento certas igrejas  onde acontecem verdadeiros milagres.  Há templos onde cegos voltam  a enxergar, paralíticos tornam a andar, onde os líderes, que denomivam a si próprios de pastores, fazem coisas que até Deus duvida. "Sai do corpo desse filho de Deus , Satanás!".   E o Diabo, que não é bobo nem nada,  procura sair de fininho, pra não sofrer uma humilhação dos infernos e ficar desmoralizado.
O interessante é o seguinte: incrível que alguém que fique sete, oito anos sem andar de repente se levante e saia caminhando enquanto faz  louvações  ao Senhor.   Nem a atrofia muscular, que mesmo nos casos de fundo pisicológico impediriam o sujeito de se levantar, é levado em conta pela divina providência. O cara anda e ponto final!  Tem gente que tem um trânsito tão bom com as entidades lá do Céu, que eu fico a pensar que, com o poder político nas mãos, faria deste mundo um verdadeiro paraíso.
Um conhecido veio me contar do caso de um, como se diz hoje, homoafetivo,  que por pressões da família estaria a se deixar acompanhar por um dito pastor, que o estaria "tratando"  do seu gosto sexual .  Segundo o que me contou, o "presbítero" teria afirmado estar o rapaz acometido da presença de um espírito do homossexualismo, que ele, o líder, logo, logo afastaria da "vítima".  Fiquei imaginando as sessões de "tratamento":
- Sai do corpo desse filho de Deus, em nome de Jesus!
E o rapaz, cochichando, quase sem mover os lábios e sem ser ouvido:
- Não sai, não, por favor.  Eu gosto como tá.  Fica aí, seu bobo, fica aí!
Homens tão miraculosos não poderiam, por uma questão de justiça divina, deixar de ser agraciados com os rios de dinheiro que recebem sob a forma de doações em suas contas bancárias e em seus templos.  Doações que, aliás, eles, obsequiosos com o Senhor no trabalho de lhes recompensar as bondades, pedem constante e insistentemente às suas ovelhas, entretanto, repito, não por ganância, mas por prestar ajuda ao Criador já sempre tão atarefado.
Já ouvi relatos do arco da velha, cada coisa de arrepiar os cabelinhos: esses milagreiros têm um poder  de desbancar qualquer merlin.  Dizem que também há pessoas que se denominam pais-de-santo ou mães-de-santo que também são terríveis: movem montanhas, trazem a pessoa amada, fazem o asqueroso tornar-se carismátictico, curam bicho-de-pé e fazem o cacete!  Mais do que o poder, muito mais do que o poder deles, salafrários de bíblia ou búzios nas mãos, o que me impressiona mesmo é o fato de as cadeias não encontrarem abrigos de longa temporada  para essa gente tão cheia de magia e de poder.

2011