Barão da Mata - Verdades e Diversidades

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domingo, 11 de julho de 2010

O VOTO NULO

Coisa interessante, não, essa da mídia e dos políticos, de nos períodos eleitorais fazerem campanha contra o voto nulo? Toda vez em que se observa uma tendência muito grande de uma fatia signitiva do eleitorado votar em branco, artistas e pessoas benquistas pelo público aparecem na tevê e conclamam as pessoas a que votem, não deixem de exercer o seu direito de participar e tataratatá e tererê-pão-duro... Conversa fiada! Votar nulo também é um modo de a gente se manifestar, não é(?), ou será que eu tô ficando mais maluco do que já sou? Se você não tem inclinação por nenhum dos candidatos, se não acredita em nenhum deles (o que é muito fácil, pois político é em geral pouco ou nada merecedor de cedibilidade), porque então haveria de optar por alguém? Não é curioso? Escolher entre o que nos vai rasgar e o que nos vai decapitar. Muito engraçado, não?
Ora, votar nulo por ignorância ou negligência é absolutamente reprovável, mas tomar tal decisão a partir do conhecimento do quadro político e dos homens que se apresentam candidatos é um exercício de democracia saudável e extremamente válido. Não podemos cair nessa conversa de que o voto branco ou nulo é um prejuízo ao regime democrático. Na verdade, os grandes prejudicados com este tipo de voto são os políticos, que ficam numa situação embaraçosa, vergonhosa, sem saber como se portar diante da sociedade por ter um mandato pouco respaldado. O próprio sistema se sente (e fica) fragilizado quando não arrimado por uma votação maciça.
Aí você me perguntaria: "e isto não geraria uma crise institucional?" Aí eu responderia: com crise insitucional ou sem crise institucional, qual é a verdadeira e genuína participação de nós, cidadãos, nas decisões e nos rumos da nação? Qual foi o peso de sua opinião no período do regime militar, fruto de uma crise institucional, nos seus vinte anos de vigência? Quem sabe uma votação minguada não nos traria outros políticos ou disciplinaria os que já temos, pois aí estaríamos realmente participando? Além do mais, oportunistas, dentro de uma situação incomum, só se apossariam do poder se nós os respaldássemos, quer nos omitindo ou adotando postura de defesa e aceitação, pois a ditadura militar só ficou em cena vinte anos porque contava com os dois tipos de apoio da sociedade, não é mesmo? Quando me politizei, aos vinte e poucos anos, quantos e quantos discursos pró-governo eu ouvi, discursos vindos não de uma minoria, mas de um percentual expressivo de pessoas com quem tive o desprazer de debater política naquele tempo. Então? Todo regime só se sustenta - e não sou obviamente o primeiro a dizê-lo - com o aval da sociedade - decorrente do apoio ou da omissão.
Em suma, voto nulo não é vício nem baderna, é uma forma de manifestação legítima do eleitor tanto quanto o sufrágio de qualquer nome.
2010