Barão da Mata - Verdades e Diversidades

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domingo, 14 de setembro de 2014

ACIMA DE QUALQUER ELEIÇÃO ESTÁ O INVULNERÁVEL ALGOZ PODER ECONÔMICO


texto com modificações

As alianças que sustentam os políticos concorrentes à Presidência da República deixam bem patente o quanto é difícil romper com o sistema.  Requereria posições radicais, comprometimento da governabilidade (não falo da governabilidade toma-lá-dá-cá, mas a governabilidade legítima, em que o Legilslativo aprecia as matérias do Executivo com isenção e lisura), da própria sobrevivência política do mandatário com sua equipe.  PT e PSDB  são irmãos gêmeos com projetos gêmeos, com diferenças apenas em pequenos retoques das respectivas maquiagens, têm a mesma matiz de descompromisso com ideologias e projetos sociais, apenas diferindo no ponto em que o partido governista tem um perfil mais populista, embora ambos deságuem no mesmo propósito, que é a manutenção dos privilégios das classes mais favorecidas e a intocabilidade de tais castas. Porque o PT governa com o respaldo e participação do PMDB, o partido mais adesista, fisiológico e interesseiro da história política do Brasil.  Isto sem contar os outros partidos aliados, com a mesma natureza e que também estão inteiramente equidistantes dos interesses das classes trabalhadoras e da sociedade.  
Em suma, toda a coligação que apoia o PT representa os interesses unicamente do capital. O PSDB, da mesma forma, traz consigo o DEM, que é oriundo do PFL, que é oriundo do PDS, que é oriundo da ARENA, que é oriunda da UDN, que tem no seu histórico a destruição do governo e da vida de Vargas ( justamente quando este governava democraticamente)  e o golpe militar ao governo de pendores socialistas de João Goulart. São grupos que caminham deixando um rastro de truculência contra atitudes verdadeiramente voltadas para a área social - defensores do capitalismo perverso que grassa no mundo inteiro e tanta miséria, fome e flagelos traz para a humanidade.  
Marina Silva, por sua vez, que tenta apresentar-se como terceira via, já admitiu compor com PSDB e DEM, e até tentar o apoio de Lula, caso seja eleita.  Francamente, querer o apoio de Lula não é pretender mudar o Brasil, mas unicamente desejar o lugar da Dilma. Fazer alianças com PSDB e DEM não é romper com a velha política (como tanto a postulante propala), mas aspirar a uma vaga de fantoche nas mãos daquela.    Esta disposição da candidata acreana, que até fala em reformar a CLT (o que põe em risco férias remuneradas e décimo terceiro salário),  deixa bastante visível o poder de fogo das fileiras bilionárias que sempre foram algozes dos menos favorecidos.  É impossível rebelar-se e romper com eles, daí a necessidade de manter alianças com os representantes de seus interesses na política.
Romper com forças de tal grandeza exigiria revolução, violência, derramamente de sangue, tragédias inumeráveis, e não acho de maneira nenhuma que tal caminho pudesse ser viável.  Porque implicaria em desgraças e dramas inomináveis,  o país se veria destruído e sucumbiria num pavoroso caos econômico, a desordem se disseminaria de forma incontrolável, e tudo isto aconteceria sem a garantia da vitória dos rebeldes e, ainda no caso de triunfo,  não haveria a certeza da sobrevivência de uma hipotética nova ordem, porque, historicamente falando, exemplos como a Revolução Francesa em 1789 - um marco na história do planeta, acabou por descambar em Napoleão, figura que representou a própria contrarrevolução - e a Revolução Russa de 1917 - que derrubou o czarismo tirânico e patrocinou um comunismo mal praticado e absolutamente totalitário, que por sua vez apropriou-se da sociedade e desaguou em Stalin, que era um carrasco autoritário e pavoroso - corroboram a minha tese da inviabilidade da partida para a violência e a convulsão social.  
Uma guerra fratricida no Brasil traria a reboque a intervenção de potências estrangeiras, de países afins e rivais, que fomentariam o conflito com o intuito apenas de auferir vantagens.  A implantação de um novo regime acarretaria a adesão de setores do antigo, que desviaria totalmente uma suposta revolução dos objetivos.  Por outro lado, os próprios revolucionários poder-se-iam mostrar exatamente iguais ou muito semelhantes aos derrotados.  Uma guerra interna não levaria a lugar nenhum, só à horripilante piora da situação. Oponho-me veementemente a uma tentativa de solução alicerçada na violência.  Não é possível obter mais que a mitigação do capitalismo: não me iludo.
Dentro deste contexto, entende-se por que, ganhe com ganhe, nada  atenuaria essa verdadeira ferocidade deste crudelíssimo sistema capitalista, que se dá o nome de neoliberalismo e que entretanto de neo nada tem em absoluto, mas que ao longo dos tempos vem sendo a grande endemia e flagelo econômico que assola o mundo e as camadas sociais mais indefesas.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

O PT ENVERGONHA O SINDICALISMO NACIONAL

Nunca vi algo mais revoltante, mais porco, mais indigno, mais acintoso à sociedade do que esse conluio
PT-CUT-Sindicatos com vistas a desestabilizar a  candidatura Marina
Silva.  Vítima de um expediente absolutamente aético  ao final do
segundo turno da campanha presidencial de 1989, em que disputava com
Collor e viu MÍrian Cordeiro dizer horrores a seu respeito,  Lula
aprendeu que eleições são para serem ganhas a qualquer custo, de forma
lícita, ilícita, limpa ou suja, e agora trama junto com sua pupila
o uso dos mesmos meios para sua candidata ganhar mais
pontos nas pesquisas eleitorais deste ano.
O combinado é os sindicatos ligados ao partido realizarem
manifestações contra a concorrente do PSB
http://atarde.uol.com.br/politica/eleicoes/noticias/sindicatos-farao-atos-contra-marina-silva-1621223
      http://new.d24am.com/noticias/eleicoes-2014/sindicatos-aliados-ligados-farao-atos-contra-marina-silva/119612
   , com o fito de evitar que esta ascenda à presidência da República.
Nada contra os militantes empreenderem este tipo de procedimento, porque militantes são em geral sectários,  mas usar os sindicatos e a central sindical (e estes se deixarem usar) é
inegavelmente repulsivo e deplorável. Uma estrutura sindical não pode
e não deve se colocar a serviço de um governo, tenha este a matiz
ideológica que tiver, seja esta progressista ou conservadora,
sobretudo quando se trata da agremiação de Dilma-Lula, que vende uma
falsa imagem de socialista enquanto é extremamente benevolente com os
banqueiros e espreme salários no mesmo passo em que distribui esmolas
irresponsavelmente, através do Bolsa Família, que é um
assistencialismo ordinário que não prepara o cidadão para o mercado de
trabalho,  dotando-o apenas da ilusão de que ostenta um padrão de vida
 ao menos perto de razoável  e desviando-o da consciência de que
recebe uma esmola descompromissada (que não constitui um direito e por
isto pode ser retirada quando bem o governo entender), no mesmo tempo
em que não lhe proporciona direitos como a habitação, a segurança
pública, a saúde.  Se não é aceitável mesmo um governo verdadeiramente
progressista fazer uso de artifício tão inqualificáveis, imagine um governo
conservador e mentiroso como o do PT.
Triste mesmo é ver sindicatos se prestando a tal papel.  Como pode se
deixarem manipular de um modo tão mesquinho e despudorado?  Nem o
peleguismo do Estado Novo chegaria a tais raias. É o sindicalismo se
aviltando, envilecendo, se amesquinhando: o Brasil, sob a gestão do
PT ( que de trabalhista não tem absolutamente nada , só ostentando a
ajuda de sindicalistas ávidos de vantagens pessoais e que se prestam a
qualquer tipo de atitude para obtê-las ), transformou-se numa verdadeira fábrica de episódios de corrupção, e agora o partido governista gera a impressão de que
trabalhadores não são respeitáveis, de que sindicalismo é assim mesmo. Este tipo de procedimento é vergonhoso,
é deplorável e de jogar por terra qualquer esperança de um dia se
construir um país melhor.
O PT está ligado a incontáveis casos de práticas ilícitas,  é o que de pior aconteceu ao Brasil em matéria de governo, levou
o país a um nível de degradação moral jamais antes conhecido,  é um
achincalhe e um motivo de vergonha para todo o sindicalismo nacional.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

A DESCRENÇA E ALGUNS FENÔMENOS SEM EXPLICAÇÃO

Em primeiro lugar, peço que não abandonem a leitura e atentem para as minhas ponderações. Em segundo, que não me apedrejem, assim como os povos do Oriente Médio apedrejavam (e alguns ainda apedrejam) as mulheres adúlteras. Não faço um exercício de irreverência ou sarcasmo, mas de reflexão.
A própria vastidão do cosmo descarta a possibilidade da existência de Deus,  porque nenhum ser ou entidade poderia ter o poder de saber e manejar tudo em tão imensurável amplidão. A inexistência de Deus, entretanto, não jogaria por terra qualquer possibilidade de haver vida após esta vida - do mesmo modo como a existência de uma coisa não traria necessariamente a reboque a de outra, porque um fator é independente do outro. O Universo é o caos, com explosões, choques de meteoros, buracos negros, etc, e nenhum deus ou espírito poderia ter controle sobre tamanha balbúrdia natural.
A história de Jesus é cercada de controvérsias. Em Mc, 3-20/21, vemos  que, quando o nazareno começou suas pregações, Maria, ao tomar conhecimento de tal atividade, teria dito:”Ele está fora de si.” Estranha afirmativa para quem teria sido fecundada pelo Espírito Santo para dar à luz seu filho e disso estaria ciente. Por outro lado, há alguma versão de que o messias não teria sequer existido.
Não se encham de revolta e indignação. Não é minha intenção blasfemar nem provocar ninguém, mas unicamente reproduzir questões narradas por outrem e nos levar a refletir. 
Tudo o que eu disse seriam indícios de que nada existe, se não aduzisse o que vem a seguir.
Precisamos analisar , contudo, uma série de fenômenos sem explicação de que tive relato ao longo de minha vida, dentre os quais apresento aqui alguns.
Começo pelas narrativas domésticas, mas não me limitarei a elas. Minha filha mais nova, quando ainda adolescente, contou-me que certa vez conheceu duas outras meninas que a levaram à casa onde moravam, entre conversas e conversas mostraram-lhe um álbum de fotografias onde minha menina identificou um senhor que dissera ter visto ao portão da residência. Foi admoestada pelas recentes amigas, que disseram-lhe para não brincar com certas coisas, porque o homem era pai daquelas e se matara mais de um ano antes.
Noutra ocasião, minha mesma filha, já adulta, ouviu de madrugada ruídos no andar do prédio onde morava, olhou pelo olho-mágico e avistou um ex-colega de escola. Não abriu a porta e não fez nenhum alarde porque imaginara que o rapaz estivesse envolvido com alguma vizinha. Calou-se por discrição. No dia seguinte, entrou no Orkut (naquele tempo ainda não havia Facebook) para dizer algum gracejo ao menino e, acessando a página deste, viu uma mensagem da sua mãe, de quase um ano, dando conta de sua morte.
Conheci uma moça que me contou que sofrera uma intervenção cirúrgica na qual esteve entre a vida e a morte. Disse ter-se visto deitada na cama de hospital, rodeada de médicos que lhe pediam que reagisse e cujas cabeças não conseguia ver, pois eram focos de luz.
Uma vez uma psicóloga americana, numa reportagem muito antiga, afirmou que nada têm de metafísico os fenômenos em que a pessoa se vê de fora do corpo, por ter ( a psicóloga) enxergado a si própria num período em que passava por alto estresse (que seria o motivo) em virtude de estar estudando ostensivamente no período de faculdade. Esqueceu-se a estudiosa de tentar explicar como se avistara do alto, sem espelho e com que olhos, se os seus estavam no próprio corpo que via. Enquanto negava a incidência da Metafísica no que ocorrera, acabou por admitir a consciência fora da matéria.
Vi uma engenheira dar entrevista mais de uma vez a programas de tevê acerca do assunto de que trato. Relata que sofreu um acidente de automóvel junto com um amigo. Viu-se do alto, em companhia dele, com quem, confusa, comentava o que estava acontecendo. Num dado momento, disse-lhe que voltaria, enquanto o homem afirmava que não retornaria. Quando a narradora voltou ao corpo, sentiu todas as dores do acidente e viu que o amigo morrera.
Vivi com uma mulher que tinha o que, segundo o ponto de vista dos espíritas, seriam dons mediúnicos. Era formada em Psicologia, e um dia tive um sonho meio estranho sobre o qual ia perguntar-lhe. Desisti no entanto, por achar irrelevante. Vindo do banheiro, porém, ela  me indagou: “Qual foi o sonho que você teve e o que ia me perguntar? “ Noutra feita, a mesma pessoa me perguntou se, na infância, não havia um coleguinha com quem eu brincava mais do que com os outros e se depois da adolescência tivera eu alguma notícia da pessoa. Respondi que não. Fui alertado para o fato de que poderia ter ele morrido. Não liguei nem acreditei. Uns dois anos depois encontrei um conhecido comum, perguntei-lhe sobre o amigo de infância e obtive a confirmação de que fora assassinado por traficantes, por ser irmão de um policial (também morto por bandidos).
Vi uma vez uma parapsicóloga, num programa de tevê, afirmar categoricamente que não há visão de espíritos, mas tão somente de reflexos ou resquícios das pessoas que viveram em certos lugares e são captados por pessoas com uma sensibilidade maior, e que os tais resquícios seriam assim como as imagens das tevês antigas, que sumiam segundos após serem desligados os aparelhos. Ou seja, a tevê está desligada e sem funcionar, como morta, e a imagem está ali por alguns segundos, mas não significa nenhum sinal de vida ou atividade pós-desligamento do aparelho. Perguntada, entretanto, sobre sua religião, a parapsicóloga se disse católica. Assim não há o menor cabimento: não crer numa continuação da consciência e acreditar em milagres feitos com um estalar de dedos, em santo disso e santo daquilo, que não há  espírito mas alma à espera de um julgamento de Deus para destinar-se ao Céu ou ao Inferno, tudo isto é viver um verdadeiro conto de fadas. Do meu ponto vista a especialista perdeu ali toda a autoridade para versar sobre a matéria, pois renegou a pesquisa e professou o simplismo.
Várias pessoas me contaram que tiveram predições. A História registra que o presidente Abraham Lincoln, dias antes de morrer, sonhara que havia um velório na Casa Branca e, perguntando a um funcionário “quem estava morto na Casa Branca”, recebera como resposta: “o presidente”.
Um episódio filmado e amplamente divulgado foi o momento em que Júlio Rasec, tecladista de “Os Mamonas Assassinas” fala de ter tido “um sonho esquisito, em que o avião caía”.
Haja o que houver, se algo houver realmente, nenhuma religião, filosofia, seita, tem condições de explicar. Não passa pelo Candomblé, pela Umbanda, Catolicismo, Protestantismo, Kardecismo, Budismo, etc... Muito menos pela Bíblia, porque o Livro nasce do embuste do rei Josias, como narrado por Will Durant em “História das Civilizações”.
As divergências entre a ciência e a religião são a mais visível e gritante manifestação da burrice humana, porque fincam pé na intransigência e nos radicalismos e não conjugam esforços para uma pesquisa profunda sobre o assunto. Porque ambas, ciência e religião, são sectárias e dogmáticas, e dogmas, doutrinas, sectarismos, tolhem, limitam, encolhem o pensamento humano.
Oportunamente, voltarei à questão aqui apresentada.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

NÃO APOIAMOS VÂNDALOS DE ALUGUEL E ASSASSINOS

NÓS, DE "OS PENSADORES DE BIROSCA", SEMPRE APOIAMOS OS MANIFESTANTES VERDAEIROS, MAS JAMAIS ESCREVERÍAMOS UMA VÍRGULA EM PROL DE VÂNDALOS ( DE ALUGUEL OU NÃO) OU ASSASSINOS.

BARÃO DA MATA 
LEÔNIDAS FALCÃO
MI GUERRA
JULIANA BRAGA

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Os Pensadores de Birosca: AS RESPOSTAS DO SAUDOSO POETA DRUMMOND ÀS MINHAS C...

Os Pensadores de Birosca: AS RESPOSTAS DO SAUDOSO POETA DRUMMOND ÀS MINHAS C...: O saudoso poeta Drummond era um homem tão simples, simpático, humano e atencioso, que enviei-lhe, aos dezesseis anos, uma carta com alg...

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

O MORIBUNDO


Estava ali, deitado, prostrado, no quarto refrigerado, acompanhado da enfermeira, vivendo seus derradeiros dias.
-- Quer alguma coisa? -- a profissional indagou.
Limitou-se ele a gesticular um "não" com um dedo.
-- Vou preparar os remédios pra daqui a pouco -- ela avisou e saiu.
O homem ficou a refletir:  estava sozinho, sem uma mulher que lhe segurasse as mãos com afeto, que lamentasse o crepúsculo de sua vida.  Tinha apenas uma enfermeira, fria, serena, atenciosa, mas profissional.  Não mais que profissional.  Não mais que cumpridora dos deveres.  E onde carinho nos seus últimos tempos sobre a terra?
Casara-se algumas vezes, mas não tivera exatamente o perfil de um homem casado.  O passado lhe vinha à mente: esbórnias, orgias, mulheres, traições.  Usara muitas mulheres. Muitas mulheres o usaram.
Bebedeiras, a visão da aurora de dentro dos bares, os motéis, cigarros, bebidas, mulheres diversas, mas nenhuma amiga, companheira, solidária, exatamente a que faltava naquele momento.  Sabia de uma que poderia estar naquele momento a seu lado, os olhos lacrimejados, o inconformismo estampado no semblante, porque o amara de verdade. Mas agora já há muito se fora o amor, esmigalhado pela inquietude da alma do homem, o desregramento  e a turbulência dos dias.  Havia uma outra que achava que também poderia estar por ali, também chorosa e inconformada.  Mas não quisera ele ficar com ela, não lhe tivera paixão ou afeição, fizera-a de brinquedo e a mantivera como namorada por poucos meses.   A outras se entregara de corpo e alma, mas não recebera o amor em troca.  Nenhuma daquelas últimas, sabia, naquele momento estaria ali.  Não o quiseram e o menosprezaram, queriam-no por apenas algumas conveniências que ora não entendia  bem.  Umas outras ainda foram nulas, casos sem nenhuma relevância, nenhuma importância, só mulheres que passaram em branco por sua existência.
Pensou em si mesmo e apertou os olhos. Nem filhos quisera ter.  E não os teve.
E agora não tinha ninguém ao seu lado que o amasse, que lhe chorasse a morte iminente. Tinha apenas uma enfermeira.  Era sozinho e morreria sozinho. Acompanhado apenas de uma enfermeira.
Contudo ficou a considerar a questão.  Se tivesse ficado com uma mulher que um dia o amara e agora não mais, teria sido um tédio insuportável envelhecer ao lado desta, num dia-a-dia insípido e totalmente desprovido de emoções, de sensualidade, de desejos ardentes, de aventuras e daquele ardor que envolve as grandes conquistas e paixões.  Uma mulher envelhecendo ao seu lado, os dois sentados a um sofá nos finais de semana, assistindo a notíciários e novelas, a rabugice tomando conta de ambos, a aposentadoria e a obrigação de comprar pães todas as manhãs, pequenas compras todos os dias.  As reclamações da mulher pela eventual má qualidade de algum artigo comprado.
Mesmo que tivesse sido correspondido por alguma daquelas que quisera de verdade, como teria podido conter a corrosão do tempo sobre a poesia, o fogo e a entrega tresloucada das paixões?  O tempo faria paulatinamente de todo o fogo uma mesmice, um tédio intragável,
uma mononotonia sem tamanho, um eterno desejo de estar nos bares, nas boates, nas aventuras da noite, ou então que a alma se domasse e aquietasse de um modo que tornasse a vida absolutamente cinzenta.
Tivesse sido um homem afeito ao casamento e agora teria uma velha ranzinza e chorosa diante de si, rememorando os momentos tediosos vividos por ambos como fossem as mais emocionantes aventuras, as mais magníficas emoções.
Não lhe veio o arrependimento nem a lágrima.   Considerou longamente o assunto, não se arrependeu de, pelo modo como vivera, agora, velho e moribundo, estar sozinho.  Se então estava velho e sem amigos, sem mulher, enquanto tivera forças, tirara proveito do melhor que pudera do mundo.  Vivera a vida intensamente, porque sempre  fora intenso e por isso não mais que a verdade de si próprio.  Abriu, semicerrou e reabriu os olhos, recebeu os remédios da enfermeira.
Morreu naquela madrugada, cônscio de que vivera da maneira que achara melhor para si.


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

ELES NÃO DEFENDEM A CIÊNCIA, MAS A CRUELDADE

Reconheço que sofismar é algo que, na maioria das vezes, requer talento e competência.  Não é para qualquer imbecil. Pois do contrário fica um monte de palavras e ideias sem fundamento atiradas ao léu. Embora reconheça a inteligência de quem sabe induzir o locutor a refletir de modo errado, não vejo o sofisma com muita simpatia, porque em geral vem acompanhado de uma dose cavalar de sordidez.  
Digo isto porque foi com imensa revolta e  indignação que li e vi os que na mídia defenderam o uso de cães da raça beagle e outros animais como cobaias para experimentos em laboratórios.  Houve um cientista (ou alguém que assim se disse) que afirmou que aquela atitude dos salvadores em relação aos cães martirizados pelo infame laboratório prejudicava a pesquisa contra o câncer.  Gozado: não sabia que câncer se combatia com cosméticos.  Este, cientista ou não, se enquadra entre os sofistas idiotas - ou, se é gênio, é do mal, e, sinceramente, um gênio bastante babaca nos argumentos.  Um leitor se manifestou n' "A Folha" e, achando que dizia algo pejado de extrema sabedoria e conhecimento técnico, chamou atenção para o fato de que era preciso que entendêssemos que são cães que não são de estimação, mas para utilização como cobaias.  Se o argumento vale, os sádicos amanhã vão fazer atrocidades com crianças pobres, alegando que não são crianças de estimação, mas criadas para fins de pesquisa.  Sugeriria que a mãe do pústula, que certamente é uma criatura sem nenhum valor estimativo, seja colocada no lugar dos torturados cachorrinhos, porque não tenho dúvida de que é uma puta da pior qualidade, dessas que armam arapucas para seus "clientes" serem roubados ou furtados.  Dois pesquisadores com cara de puxa-saco de patrão, em entrevista ao "Fantástico", alegaram a impossibilidade de se fazerem experiências sem animais, mas foram contestados por um biólogo inglês renomado que mostrou que há, sim, como trabalhar em pesquisas usando células de tecidos humanos, o que pouparia até os ratos indefesos e dóceis que os algozes utilizam em suas atrocidades.  O Ernesto Paglia, excelente garoto de recados dos Marinho, bem que tentou que os entrevistados que se opõem às práticas de perversidades adotassem outra posição, mas estes últimos foram firmes e seguros em suas convicções.
Ver gente defendendo o desrespeito à vida e à integridade física e psíquica dos indefesos e inocentes animais dá uma profunda tristeza de viver num mundo onde um número considerável de pessoas não respeita a vida, a dor e o sofrimento que não ocorre em si próprias. Não vou jamais dizer que são assim porque são humanos: a Nicole Puzzi, a Luíza Mel, os ativistas que salvaram os animais e a comissão de deputados federais que solicitou o fechamento do laboratório durante as investigações também são seres humanos, mas parecem de estirpe bastante diferente:  compassivos, lutadores, heroicos,  corajosos, compreensivos, sensíveis, avessos a creueldades e mais enquadrados ao pensamento de boa índole de Alberto Schweitzer, Francisco de Assis, Mahatma Ghandii, outros famosos e não-famosos dotados de bondade e de sangue nas veias.
O mundo está cheio de psicopatas perversos, e o número de soldados que os líderes mais cruéis da história arrebanharam para os seus empreendimentos expansionistas bem o prova, e aqueles que preconizam o uso dos bichinhos para cobaias nos trabalhos da Ciência são como os militares da SS e da Gestapo, como os perversos guerreiros que se apossam dos despojos de guerra entre estupros, matanças, humilhações, torturas, atos hediondos e lamentáveis.  Alegam que fazer sofrer os animais é o meio mais fácil, prático e barato, mas na verdade o que os fascina é matar, causar dor, sofrimento lancinate, e se comprazem em martirizar qualquer criatura mais fraca e inapta para a autodefesa, num exercício de maldade e sadismo que lhes é indispensável e essencial como o ar que respiram.  São pessoas horripilantes, de uma crueldade sem medidas, de uma demonicidade que não os difere dos grandes carrascos do crime ou mesmo da lei, quando esta se põe ao lado dos mais iníquos objetivos.
São pessoas que sentem um prazer insano em cortar, decepar, mutilar, retalhar, envenenar, capazes de ficarem horas intermináveis a se comprazer em observar as mais longas e deploráveis cenas de dor e sofrimento. 

Barão da Mata